
A segunda temporada de Artérias segue propondo uma escuta atenta às práticas contemporâneas e aos novos nomes das artes visuais no Brasil. A série dirigida por Helena Bagnoli investiga artistas de variadas gerações e regiões que trabalham com suportes e motivações diversas, com protagonismo de artistas afro-brasileiros, indígenas e LGBTQIAPN+. O SescTV exibe episódios inéditos às quintas-feiras, às 21h30, com reapresentações ao longo da semana. A série também está disponível na íntegra, gratuitamente para todo o Brasil, no site do canal e na plataforma e app Sesc Digital.
No dia 6/11, o programa apresenta Luana Vitra, escultora mineira cuja prática nasce da escuta da matéria. Vitra busca “os metais e os corpos minerais” que orientam seu trabalho: do ferro e do minério às estruturas de desenho que carregam memória e ritual. Sua formação — entre a dança da infância, a ilustração da adolescência e o encontro tardio com a escultura — explica a presença do corpo e do movimento em obras como Pulmão da Mina, que remete às histórias de Ouro Preto e à presença do trabalho escravizado. Em sua poética, a repetição é reza, a oxidação é paisagem, e as armadilhas desmontadas em Zanzado em Trama e Armação de Arapuca viram tessitura de afetos e futuras performances. A viagem, a deslocação e a busca pelo reino mineral aparecem como eixo vital de sua produção.
Em 13/11, o destaque é Moara Tupinambá, artista visual, curadora, ilustradora e ativista de direitos indígenas. Nascida em Belém e hoje radicada entre diferentes territórios, Moara articula arte e ativismo: suas colagens, projeções e vídeos partem da ancestralidade e da memória Tupinambá e se confrontam com as ocupações urbanas e as lutas por espaço. Seu percurso profissional inclui a transição da moda para as artes visuais, a participação em ocupações como a do Ouvidor e a construção de iniciativas como o Museu da Silva, um arquivo vivo que reúne entrevistas, fotografias e mapas da comunidade Cucurunã. Moara problematiza o apagamento cultural e anuncia a pintura como novo campo de trabalho, mantendo a arte como prática de cura e resistência.
O episódio de 20/11 olha para o universo urbano com o artista visual paulista No Martins, cuja origem na pixação e no grafite alimentou uma trajetória que abraça gravura, pintura a óleo, performance e instalações. Martins observa o encarceramento em massa como fundo social de sua obra e utiliza a performance na rua como dispositivo de impacto. Trabalhos como Senhora Injustiça, Aprovado no Processo Seletivo e o projeto Memorial – As 111 vidas lidam com violência, raça e justiça, ao mesmo tempo em que o artista experimenta grandes formatos e processos que evitem a confortável domesticação da arte pelo mercado.
Encerrando o mês, em 27/11, Panmela Castro traz à série o cruzamento entre ativismo e práticas participativas. Sua obra, que abrange escultura, vídeo, fotografia, performance e pintura, encontra forte ressonância internacional. Entre setembro e outubro de 2025, ela apresentou a mostra Retratos Relatos: Revisitando a História no espaço cultural Les Jardiniers, em Montrouge, região metropolitana de Paris, como parte da Temporada Brasil-França 2025. Essa exposição analisou o protagonismo de mulheres negras no Atlântico Negro a partir de 15 pinturas inéditas, afirmando o poder da arte como território de disputa e memória. Panmela revela organizar o acaso em séries que acolhem relatos e experiências, como Retratos Relatos e Mulheres negras não recebem flores, e trabalha o pertencimento, a rua como primeira tela e a derivação afetiva como método. Em sua prática, a relação com o outro é condição de criação; suas performances denunciam a violência doméstica e mobilizam comunidades, enquanto suas pinturas incorporam processos que misturam carvão, acrílico e óleo, sem renunciar à urgência política dos temas que trata.
Ao longo dos episódios de novembro, Artérias reafirma seu compromisso de mapear e amplificar uma cena plural: artistas que fazem da obra um lugar de pesquisa, memória e ação. A série propõe, em cada minidocumentário, um encontro com o ateliê, o corpo, o território e as práticas que resistem às velhas hierarquias do campo artístico, abrindo espaço para narrativas que emergem de experiências vivas.
SERVIÇO
ARTÉRIAS – 2ª TEMPORADA
Série documental
Direção: Helena Bagnoli
Conteúdo: 26 episódios
Duração aproximada: 12 min
Classificação indicativa: Livre (exceto episódios indicados)
Exibição: quintas-feiras, às 21h30
Sob demanda
Assista em sesctv.org.br/arterias
EPISÓDIOS DE NOVEMBRO
Luana Vitra — 6/11, quinta, 21h30
Moara Tupinambá — 13/11, quinta, 21h30
No Martins — 20/11, quinta, 21h30
Panmela Castro — 27/11, quinta, 21h30




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