Análises e Dicas #936 – Memórias de Um Caracol (Memoir of a Snail)
– Sinopse: Separada forçosamente do irmão gêmeo ao ficarem órfãos, uma menina melancólica viciada em caracóis narra sua sofrida autobiografia, lotada de tristezas e percalços, a uma de suas bichinhas de estimação. Produção australiana, ainda indisponível no Brasil.
– Análise rápida: Sempre serei um eterno defensor de notas altas a filmes de stop-motion pelo nível de dificuldade, acuidade e paciência com os quais são rodados. Paciência, aliás, é uma palavra que encaixa bem na vida de um caracol: devagar, chega longe, atingindo o objetivo de vida de procriar e depois subir aos céus. Porém, tal animalzinho não é capaz de mudar o próprio destino, algo palpável ao ser humano. Ao apresentar os irmãos gêmeos, percebemos que o rapazinho é cheio de sonhos e a menina somente o acompanha. O bullying que a segunda sofrera durante a infância a moldara para viver enclausurada no próprio casco; dentro de si própria. Ao serem separados, ela vive em torno de se colocar na zona de conforto; ele, ao contrário, indignado com a família que recebera, tinha um anseio claro e ousado: reencontrar a irmã, nem que precisasse atravessar a Austrália a pé. As imperfeições humanas são representadas pelo próprio design de produção: massinha verdadeira, sem recursos para correções. Ou seja: a vida como ela é. A princípio, os tons escuro da paleta e rústico da cenografia, e a abordagem de “destinos cruéis”, abrem brechas para que tenhamos uma visão pessimista sobre a existência. Porém, a maior lição vem das sábias palavras da velhinha que se torna amiga da protagonista: o passado nos esculpe para a vida, mas o olhar tem que estar sempre para a frente.
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