A segunda temporada de Artérias se despede em janeiro de 2026 com três episódios inéditos que reafirmam o compromisso da série em mapear práticas artísticas contemporâneas engajadas no debate sobre questões de identidade, território, memória e resistência. Dirigida por Helena Bagnoli, a produção reúne 26 minidocumentários dedicados a artistas visuais de diferentes gerações e regiões do Brasil, com protagonismo de afro-brasileiros, indígenas e LGBTQIA+, cujas obras tensionam limites entre linguagem, política e experiência pessoal. Os episódios vão ao ar às quintas-feiras, às 21h30, no SescTV, com reapresentações ao longo da semana e disponibilidade sob demanda no Sesc Digital.

Abrindo a programação do ano, em 1º de janeiro, o episódio dedicado a Vulcânica Pokaropa apresenta a trajetória da artista visual travesti, fotógrafa e mestre em Teatro, cuja produção abarca pintura, escultura, fotografia, vídeo, performance e circo. Integrante da Companhia Fim do Mundo, formada exclusivamente por pessoas trans, Vulcânica constrói uma obra marcada pela criação de redes, imaginários e narrativas historicamente interditadas. Em diálogo constante entre artes visuais e artes cênicas, a artista investiga temas como religiosidade, memória, infância trans e transformação do corpo, além de desenvolver pesquisas acadêmicas sobre a presença de pessoas trans e travestis na história do circo brasileiro. Seu trabalho ocupa museus, ruas e instituições, afirmando a arte como espaço de existência, registro e reparação.

Na semana seguinte, em 8 de janeiro, a série apresenta Xadalu Tupã Jekupé, artista visual indígena Guarani, cuja obra articula tempo, território, cosmologia e memória. Com trajetória iniciada na arte urbana e na sticker art, Xadalu desenvolveu uma linguagem própria que transita entre a rua e as instituições, sempre comprometida com a construção de narrativas indígenas. Seu trabalho investiga pertencimento, ancestralidade e os impactos da cidade sobre os povos originários, propondo reflexões sobre educação, visibilidade e permanência indígena nos espaços urbanos. Ao ocupar museus e galerias, o artista amplia o alcance de sua produção sem abandonar o diálogo com a comunidade e com a rua, entendida como espaço fundamental de escuta e confronto.

Encerrando a temporada, no dia 15 de janeiro, o episódio dedicado a Lázaro Roberto mergulha na trajetória do artista visual e fotógrafo baiano, criador do Zumvi – Arquivo Afro Fotográfico, um dos mais importantes acervos de imagens produzidas por fotógrafos negros no Brasil. Com origem no teatro e no movimento negro, Lázaro construiu, desde os anos 1970, um trabalho de documentação que registra festas populares, manifestações culturais, movimentos sociais, blocos afros, quilombos e o cotidiano da população negra em Salvador. Fundado nos anos 1980, o Zumvi se consolidou como instrumento de preservação da memória, afirmação identitária e transformação social, reunindo hoje milhares de fotogramas que narram a história recente do país a partir do olhar negro. Para o artista, é pela memória e pelas imagens produzidas por pessoas negras que o Brasil pode avançar no enfrentamento ao racismo estrutural.

Com esses três episódios, Artérias encerra sua segunda temporada reafirmando a arte como campo de disputa simbólica, construção de memória e reinvenção de futuros. Ao dar visibilidade a trajetórias que desafiam apagamentos históricos, a série convida o público a ampliar seus modos de ver, sentir e compreender a produção artística contemporânea brasileira.

SERVIÇO
ARTÉRIAS – 2ª TEMPORADA
Série documental
Direção: Helena Bagnoli
Conteúdo: 26 episódios
Duração aproximada: 12 min
Classificação indicativa: Livre (exceto episódios indicados)
Exibição: quintas-feiras, às 21h30

EPISÓDIOS INÉDITOS – JANEIRO 2026
Vulcânica Pokaropa — 01/01
Xadalu Tupã Jekupé — 08/01
Lázaro Roberto: Zumvi – Arquivo Afro Fotográfico — 15/01

Reapresentações: sexta, 10h15; segunda, 3h30; terça, 1h e 14h45; quarta, 9h15

A artista visual Vulcânica Pokaropa em episódio de ‘Artérias’, dia 01/01 (Foto: Henk Nieman)

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