(Foto: Reprodução/ Divulgação/ Repórter Brasil/ Amana Cine)

O filme Pau D’Arco, dirigido pela jornalista Ana Aranha, terá sessão especial em Belém, neste sábado (23), às 19h, no Cine Líbero Luxardo, como parte da mostra Ecofalante. Uma produção da Repórter Brasil e Amana Cine em coprodução com a RioFilme, o documentário ganhou quatro prêmios desde sua estreia em abril no Festival É Tudo Verdade.

As filmagens começaram em 24 maio de 2017, dia em que uma operação das polícias civil e militar do Pará executou dez trabalhadores rurais sem-terra. O crime aconteceu na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau d’Arco, sudeste do Pará.

Ao seguir os sobreviventes e o advogado do caso por sete anos, o filme revela fatos chocantes que indicam a possível tentativa de silenciar testemunhas e encobrir o crime, que permanece impune.

Retrato íntimo
Fernando, sobrevivente da chacina, foi o primeiro a ter coragem de depor sobre como a polícia executou seu namorado e torturou seus colegas. Vargas, advogado que defende sem-terras e indígenas, colocou sua família em risco ao assumir o perigoso caso.

O documentário acompanha esses dois personagens em sua luta por justiça e direito à terra. Fernando sai do programa de proteção a testemunhas e volta à mesma fazenda ocupada. Vargas acumula vitórias na justiça e sofre perseguição, enquanto aumenta o tom das denúncias.

Reviravoltas
Quatro anos após a chacina, “Pau d’Arco” registra fatos surpreendentes: a prisão arbitrária do advogado Vargas e novas ameaças para calar Fernando e outras testemunhas. O momento mais dramático é quando essas ameaças se concretizam e Fernando é executado com um tiro na nuca.

É quando a diretora se vê obrigada a sair de trás das câmeras para entrar em cena e apurar a prisão de Vargas e a morte de Fernando. O filme é uma investigação em curso que pode mudar o rumo do julgamento dos policiais autores da chacina – até hoje livres, na ativa, e sem júri marcado.

Contexto
O episódio de Pau d’Arco representa a continuidade da violência no campo paraense, ecoando casos como o Massacre de Eldorado dos Carajás, que completa 29 anos de impunidade. A repercussão do filme pode ajudar a pressionar o governo a transformar em assentamento a ocupação onde vivem 200 famílias sem-terra. Em março de 2025, o Governo Federal iniciou a regularização, mas o processo ainda não foi concluído.

Ao jogar luz sobre os trabalhadores rurais que estão na Amazônia Paraense plantando com sistema agroflorestal, o filme reforça o papel desses produtores como aliados do clima, tema central no ano da COP 30 que será realizada em Belém.

Reconhecimento
O documentário já conquistou quatro prêmios desde sua estreia em abril: Melhor Longa-Metragem pelo Júri na Mostra Ecofalante de Cinema 2025, e três prêmios no Festival de Cinema Guarnicê: Melhor Direção, Melhor Design de Som e Melhor Trilha Sonora Original. O filme teve estreia nacional no É Tudo Verdade 2025, considerado o mais importante festival de documentários da América Latina.

SERVIÇO
Pau D’Arco (89 minutos / 2025)
Direção: Ana Aranha
Produção: Repórter Brasil e Amana Cine Coprodução: RioFilme
Sessão especial em Belém dentro da Mostra Ecofalante:
Sábado, 23 de agosto, 19h
Local: Cine Líbero Luxardo
Sessão seguida de debate com a diretora Ana Aranha e o advogado José Vargas
Ingressos gratuitos, distribuídos no local. Sujeito à lotação.

Sinopse: Depois de sobreviver à chacina em que a polícia matou 10 trabalhadores sem-terra, a principal testemunha e seu advogado lutam por justiça e pelo direito à terra. Ao seguir seus passos por sete anos na Amazônia Paraense, são revelados acontecimentos chocantes que indicam uma possível tentativa de encobrir o crime.

Sobre a diretora
“Pau D’Arco” é a primeira direção de longa-metragem de Ana Aranha, jornalista com mais de 20 prêmios por seu trabalho como repórter e documentarista. Ana dirigiu o média metragem “Relatos de um Correspondente da Guerra na Amazônia”, sobre o assassinato do jornalista Dom Phillips no Vale do Javari, que ganhou o 40º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo em 2023. Hoje na organização Repórter Brasil, publicou em veículos como The Guardian, Al Jazeera, Uol, Folha de S.Paulo e Agência Pública.

Sobre as Produtoras
Repórter Brasil é uma organização de jornalismo investigativo fundada em 2001 e responsável por algumas das mais relevantes denúncias no campo socioambiental e do trabalho. Os documentários da organização acumulam 13 prêmios nacionais e internacionais. Entre eles estão o longa “Jaci”, de 2015, vencedor do prêmio Gabriel García Márquez, Melhor Longa-Metragem pelo Júri na Mostra Ecofalante e Seleção Oficial É Tudo Verdade. O longa “CarneOsso”, de 2011, ganhou o Prêmio Vladimir Herzog e participou de festivais como Gramado, FIDOCS (Chile), É Tudo Verdade e DOK Leipzig, onde ganhou uma menção honrosa. A Repórter Brasil conta com 38 prêmios em jornalismo, documentários e direitos humanos. Foi reconhecida como a agência de jornalismo mais premiada do Brasil pelo site Jornalistas & Cia em 2023, além de quinto veículo de comunicação com maior número de prêmios.

Amana Cine é uma produtora brasileira que há mais de 15 anos tem como foco documentários com temáticas sociais de impacto. As obras produzidas incluem séries, médias e seis longa-metragens, premiados nos principais festivais de cinema do mundo e exibidos em canais de TV e plataformas nacionais e internacionais (Mubi, Globoplay, BBC, Al Jazeera, RTP, GNT, Globonews, Canal Brasil, Futura, Curta!, etc.) Entre eles estão “Incompatível com a vida” (2023), que estreou no festival É Tudo Verdade com o prêmio de melhor filme, se qualificou para o Oscar na categoria de melhor documentário, foi pré-selecionado para os Premios Platino, além de eleito o melhor documentário de 2023 pela APCA; “Espero tua (re)volta” (2019), que estreou no Festival de Berlim com os prêmios da Anistia Internacional e da Paz e percorreu outros mais de 120 festivais pelo mundo, ganhando mais de 25 prêmios; “O Estopim” (2014), indicado para representar a produção carioca no Emmy Awards e “Cortina de Fumaça”, presente na lista internacional dos “10 documentários que podem mudar a sua visão do mundo”.

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