
Nesta quinta-feira (23), após dois adiamentos em respeito à calamidade dos incêndios em Los Angeles, será feito o anúncio dos indicados ao Oscar. Em clima de final de Copa do Mundo, o Brasil estará de olho tanto no evento, quanto na cerimônia, agendada para o dia 2 de março em razão da expectativa da nomeação de Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama, por sua atuação em Ainda Estou Aqui.
Segundo a cineasta Fernanda Schein, brasileira que integra o time de edição na Netflix e vem conquistando Hollywood, o Globo de Ouro costuma ser um bom indicativo. “Certamente facilita, mas não garante o Oscar. A vitória traz mais tração e visibilidade tanto para o filme quanto para Fernanda Torres, algo essencial nessas corridas de premiação. O prêmio também é um excelente termômetro , pois, nos últimos 10 anos, oito atrizes que ganharam o Globo de Ouro também levaram o Oscar”, lembra.
Por outro lado, a divisão de categorias pode ser um empecilho. Diferente do Globo de Ouro, o Oscar tem uma categoria única, o que aumenta a concorrência. “Mesmo com desafios, acredito que Fernanda Torres será indicada”, aposta Schein.

A cineasta também destaca como ponto positivo a narrativa de “correção histórica” que se formou ao redor de Torres. “25 anos atrás, Fernanda Montenegro não levou o Oscar por ‘Central do Brasil’, mas agora sua filha pode trazer o primeiro prêmio do Brasil na categoria de Melhor Atriz. Esse é exatamente o tipo de história de azarão que os americanos adoram. Combinado ao carisma e ao talento de Fernanda, isso a torna uma candidata forte e me deixa otimista!”
Além da conquista da desejada estatueta dourada, a cineasta vê o momento como uma expressão de validação do cinema e da cultura brasileira. “É um momento histórico. Esse reconhecimento internacional reafirma a qualidade das nossas produções e chama atenção para o talento dos profissionais, ampliando o interesse por nossas histórias e pela nossa perspectiva cultural.”
Falando em história, de acordo com Fernanda, uma das grandes questões foi pulverizar ao mundo uma realidade brasileira: “Percebi aqui nos EUA que a maioria das pessoas não sabe que houve uma ditadura no Brasil, muito menos que foi tão violenta e sanguinária como a nossa, algo que jamais deve ser esquecido.”
Torres passou a frente de nomes como Angelina Jolie e Nicole Kidman, queridinhas de Hollywood. Segundo Schein, desbancar grandes nomes é um feito marcante e pode abrir portas para uma nova etapa na carreira da atriz. “Sua performance não só a destacou artisticamente, mas também a posicionou como uma figura bem recebida por Hollywood, com potencial para construir uma presença ainda mais significativa nesse cenário. Independentemente de seus próximos passos, essa conquista é um marco que eleva tanto sua trajetória pessoal quanto o cinema brasileiro como um todo”, conclui.
Do interior do Rio Grande do Sul para Los Angeles, a cineasta e editora Fernanda Schein atuou em diversos projetos importantes do cinema e da publicidade. Fez mestrado na New York Film Academy e, com o tempo, consagrou-se tanto em projetos internacionais quanto nacionais, como Neymar: O Caos Perfeito (Netflix), Forbidden Wish”(Prime Video), Poisoned (Netflix) – ganhador do Emmy – e o documentário de sucesso O Caso dos Irmãos Menéndez, que estreou em outubro na Netflix e logo conquistou a atenção do mundo todo. Também, estrelou em produções independentes, como The Boy in The Mirror, vencedor do prêmio de melhor curta-metragem no California Women’s Film Festival.
Foi editora/montadora principal de projetos dirigidos por Rob Styles, como A Social(Media) Construct e Sleeping Awake. Brilhou com I See You e Envenenados: O Perigo na Nossa Comida, para a Netflix, o longa-metragem Farewelling, dirigido por Rodes Phire e o curta Last Minute, de Joel Junior.