Arte: Divulgação
(o pôster traz uma das últimas imagens de Vladimir Herzog com a família)

Para marcar os 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, à época diretor de Jornalismo da TV Cultura, a emissora produziu um documentário com quase duas horas de duração, que será lançado na 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, nesta sexcta-feira (24), às 19h, na Cinemateca Brasileira. No dia seguinte, data em que se completam cinco décadas desde a morte de Vlado, o longa A Vida de Vlado – 50 anos do caso Herzog vai ao ar na TV Cultura, a partir das 23h.

Narrado pelo jornalista Chico Pinheiro, com direção de Simão Scholz, a produção conta a história da família Herzog e a vida de Vladimir até sua morte – crime que mudou a história da luta pela redemocratização do País na década de 1970. O longa também mostra o legado da vida do jornalista, mantido pelo Instituto Vladimir Herzog, em São Paulo.

Vlado, seu nome original, nasceu em 1937, na antiga Iugoslávia. A família fugiu da invasão nazista, foi obrigada a se mudar para a Itália e acabou migrando para o Brasil. No país, o jornalista teve uma vida próspera e feliz com a publicitária e pesquisadora Clarice Herzog, que conheceu na Faculdade de Filosofia da USP.

Com o apoio do Instituto Vladimir Herzog, o documentário resgata imagens ao longo de meio século de história e fotos inéditas da trajetória de Herzog pelo teatro, cinema, televisão e jornalismo impresso. Ele começou a carreira no jornal O Estado de S.Paulo, foi editor de cultura na Revista Visão, trabalhou na BBC de Londres e teve duas passagens pela TV Cultura, em São Paulo. No cinema, fez documentários e o roteiro inicial do filme Doramundo, de João Batista de Andrade, vencedor do Festival de Cinema de Gramado. O cineasta, amigo de Herzog, que produziu em 2005 o documentário “Vlado, 30 Anos Depois”, é um dos personagens principais dessa história. Vladimir Herzog também foi professor na FAAP e na Escola de Comunicações e Artes da USP – a Universidade de São Paulo.

Para compor o perfil deste Vlado de muitas vocações e talentos, o documentário ouviu os filhos Ivo e André Herzog, colegas de profissão e ex-presos políticos, entre eles, os jornalistas Paulo Markun, Dilea Frate, Sergio Gomes e Anthony de Cristo, além do médico Ubiratan de Paula Santos, ex-líder estudantil. Eles foram presos e torturados na mesma época do assassinato de Vlado no DOI-CODI, em 25 outubro de 1975. O jornalista Marco Antonio Rocha, que trabalhou com Vlado na Revista Visão e na TV Cultura, lembra do colega sempre preocupado com o rigor da informação e, ao mesmo tempo, com o caráter educativo e a função social do jornalismo.

O documentário refaz também o doloroso caminho que Clarice Herzog, a esposa de Vlado, trilhou para tentar responsabilizar os culpados pela morte do marido. Em plena vigência do AI-5, um instrumento de censura e exceção, Vlado se apresentou nas dependências do DOI-CODI. Como muitos outros, acusados de subversão por conta da filiação ao Partido Comunista Brasileiro, foi preso sem ordem judicial, torturado e assassinado. Sua morte se tornou um símbolo de luta contra a ditadura, o cerco à liberdade de imprensa e a brutalidade do regime. São 50 anos de luta, que começou contra a farsa do suicídio montada pelo exército, e se estendeu pela defesa da democracia e dos direitos humanos no País.

A produção também ouviu Elvira Alegre, a única fotógrafa que registrou o velório de Herzog, e o ex-líder do Partido Comunista Brasileiro, João Guilherme Vargas Neto. O advogado que defendeu a ação da família contra a União, Samuel Mac Dowell, e o ex-juiz federal Márcio de Moraes, que condenou a União pelo assassinato de Vlado. O documentário resgata filmes raros gravados durante o Culto Ecumênico na Catedral da Sé, em 31 de outubro de 1975, e no descerramento do túmulo de Herzog, no cemitério Israelita do Butantã, um ano após sua morte.
A Vida de Vlado – 50 anos do Caso Herzog retrata o jornalista, fotógrafo, cineasta, ator e dramaturgo, preocupado em transformar o Brasil num lugar melhor para a sua família, sua mulher, seus filhos e todos os brasileiros. O documentário faz ainda uma homenagem a Clarice Herzog pela sua luta para provar que o marido foi assassinado e em defesa de outras vítimas da ditadura militar no País.

Lançamento na Mostra de Cinema
O documentário terá sua estreia na 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, em 24 de outubro, às 19h, na Cinemateca Brasileira. O pôster feito especialmente para a Mostra (que ilustra o release) traz uma foto inédita de Vlado, ao lado de sua mulher e seus dois filhos, tirada dias antes de sua morte.

Após a apresentação do documentário, Ivo Herzog, presidente do Conselho do Instituto Vladimir Herzog, e o jornalista Paulo Markun, companheiro de Vlado dentro e fora das redações, participam de uma mesa mediada por Marília Assef, diretora de Jornalismo da TV Cultura.

Serviço
“A VIDA DE VLADO – 50 ANOS DO CASO HERZOG”
Duração: 113 minutos
Exibição: 25 de outubro (sábado), às 23h
Direção e roteiro: Simão Scholz
Pauta: Carlos Franco
Narração: Chico Pinheiro
Imagens: Euclides Conceição, Daniel Azeredo, Ronaldo Justino, Marco Antonio Gallo, Thomas Rodrigues e Evelin de Paula
Assistentes de Câmera: Alison Cruz, Fernando Borges, Leandro Pereira, Fernando Borges, Jório José, Eduardo Silva e Roberto Dias
Equipe de som direto: Fabio Rocha, Wagner Leal, Luiz Lopes e Paulo Santos
Produção: Ricardo Ferreira
Edição de texto: Jorge Valente
Edição e finalização: Leandro da Silva
Apoio: Instituto Vladimir Herzog
Direção de Jornalismo: Marília Assef

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