
A produtora de cinema, promotora da cultura audiovisual e fundadora do Festival Internacional de Curtas Kinoforum Zita Carvalhosa morreu nesta terça-feira (22), aos 65 anos, em São Paulo. A informação foi confirmada via comunicado pela assessoria de imprensa da instituição, que lamentou profundamente o ocorrido, mas não divulgou a causa. “É com profunda tristeza que nos despedimos. Ela tornou-se um dos principais nomes do audiovisual brasileiro de sua geração e nos deixa um exemplo de coerência, paixão e dedicação. O cinema brasileiro é maior porque ela esteve aqui”, diz a nota.
Ela deixa a filha Ligia, os netos Theodoro e Martina, a mãe Margarida, o irmão Fernando, a enteada Iara e o marido Patrick Leblanc. O velório será nesta quarta (23), das 10h às 16h, na Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, São Paulo-SP).
Vida dedicada ao audiovisual
Ao longo de toda a vida, Zita dedicou seu trabalho à valorização do curta-metragem, à formação de novos talentos e à construção de um audiovisual mais diverso, plural e acessível. Formada em cinema pela Universidade Paris III (França), em 1983 passou a integrar a produtora Superfilmes. Cinco anos depois, atuou como curadora de cinema do MIS – Museu da Imagem e do Som de São Paulo, onde desenvolveu um programa voltado à divulgação do curta-metragem.
Zita participou ativamente da formulação de políticas públicas para o setor, sempre guiada por um profundo compromisso com a cultura e com o fortalecimento do cinema independente no Brasil. Seu legado como produtora inclui longas e curtas independentes premiados no Brasil e no exterior, documentários e séries. Sua atuação deixou marcas profundas na forma como o cinema é pensado, exibido e vivenciado no país.
Em 1989, criou o Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que dirigiu por 35 anos. Sob sua liderança, ele se tornou uma plataforma internacional de intercâmbio que reúne cineastas, curadores e programadores do mundo inteiro na cidade de São Paulo e também o festival de curtas mais importante da América Latina. Sua próxima edição será de 21 a 31 de agosto.
Zita também presidiu a Associação Cultural Kinoforum, responsável pelo festival, pioneira na criação de oficinas de realização audiovisual. Desde 2001 elas acontecem em regiões periféricas da cidade, com ações de formação voltadas especialmente para jovens. Ao longo da vida, Zita construiu redes de pessoas apaixonadas pelo cinema e criou conexões entre bairros, países, gerações e culturas distintas.
À frente da Superfilmes, produziu longas-metragens premiados como Carvão, de Carol Marcowitz; A Casa de Alice, de Chico Teixeira; Um Homem de Moral, de Ricardo Dias; O Cineasta da Selva, de Aurélio Michiles; Tinnitus e Obra, de Gregório Graziosi; Tônica Dominante, de Lina Chamie; Urbania, de Flavio Frederico; Como Fazer um Filme de Amor, de José Roberto Torero, entre outras obras.
Governo lamenta
O Ministério da Cultura (MinC) também divulgou um comunicado lamentando a perda de Zita:
“Zita foi uma das mais importantes vozes na valorização de curtas-metragens no Brasil. Referência no setor audiovisual, foi uma das fundadoras do Fórum dos Festivais e uma defensora incansável das políticas públicas para o fortalecimento dos festivais e da produção independente nacional. Sua trajetória deixa um legado de compromisso com a cultura, com o cinema e com a formação de novas gerações de realizadores. Diante dessa partida, o MinC se solidariza aos familiares, amigos e admiradores desse importante nome da nossa cultura”.
Se eternizou na arte do seu trabalho 🙏🏻🙏🏻🙏🏻