A segunda temporada de Artérias segue mapeando trajetórias artísticas que rompem com visões estereotipadas da arte brasileira e ampliam o panorama da produção com uma diversidade de corpos e histórias. Em episódios inéditos exibidos às quintas-feiras, às 21h30, no SescTV, a série dirigida por Helena Bagnoli traz relatos em primeira pessoa de artistas de várias regiões do Brasil, com ênfase em perspectivas negras, indígenas e LGBTQIAPN+.
No dia 4/9, o programa apresenta a artista Alice Yura, primeira mulher transexual a expor em grandes instituições do Mato Grosso do Sul, reconhecida principalmente por suas performances, embora sua prática se estenda a outras linguagens e suportes, como instalação, pintura e fotografia — esta última influenciada por uma tradição familiar. Suas criações, com forte dimensão biográfica, abordam intimidade, afeto, corpo, identidade, sociedade e política, e entre suas obras mais marcantes está “Canibália”, performance em que corpos pintados com luz fluorescente criam uma experiência visual intensa. Vinda de uma cidade na fronteira entre Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais, incorpora o significado simbólico dessa divisa em sua obra, reafirmando sua transição de gênero e ressignificando memórias da infância e adolescência.
Em 11/9, o artista brasiliense Antônio Obá apresenta um trabalho que transita entre pintura, desenho, escultura e performance para investigar as contradições na construção cultural do Brasil, explorando temas como sincretismo e preconceito étnico e mergulhando em um universo simbólico que dialoga com a religiosidade católica do interior. Ao mesmo tempo, suas obras oferecem uma reflexão profunda para resgatar e valorizar a herança negra, inspirando-se no conceito africano de Sankofa (“voltar para buscar”), que orienta sua busca pelas tradições e ancestralidades africanas. Para isso, incorporou a capoeira à sua pesquisa, encontrando no corpo expressões que traduzem sua história pessoal e coletiva.
O episódio de 18/9 destaca a ASCURI — Associação Cultural dos Realizadores Indígenas, formada por jovens cineastas guarani-kaiowá, quechua e terena, do Mato Grosso do Sul, que utilizam o cinema e as novas tecnologias como ferramentas de resistência e fortalecimento das tradições indígenas. Criada em 2008, após seus fundadores participarem de um curso de cinema em La Paz, a associação promove oficinas, encontros e produções que valorizam a língua de cada povo e respeitam a espiritualidade, iniciando os trabalhos sempre com rezas e consultas aos anciãos. Ao longo dos anos, estabeleceu parcerias com TVs educativas e universidades, fortalecendo a consciência política e cultural dos povos indígenas.
Encerrando o mês, em 25/9, o programa apresenta Auá Mendes, artista trans e indígena do povo Murá, de Manaus, radicada em São Paulo. Designer gráfica, ilustradora, grafiteira, muralista e arte-educadora, constrói uma produção que valoriza corpos trans e indígenas como espaços de vida, diálogo e harmonia, afastando-se de narrativas de violência. Iniciou no grafite em 2017, enfrentando o machismo da cena, e trouxe para sua obra elementos como o azul, ligado à ancestralidade Murá e aos sonhos. Sua chegada a São Paulo foi marcada pelo mural “As Encantadas Protegem”, homenagem a mulheres trans e ativistas do Amazonas. Com trabalhos que transitam entre performance, pintura manual e digital, Auá reflete sobre sua infância, origem e experiências, buscando, na arte, espaços de bem viver e solidariedade.
Os episódios de ARTÉRIAS estão disponíveis gratuitamente para todo Brasil em sesctv.org.br/arterias, na plataforma e app Sesc Digital, dipsonível gratuitamente na App Store e Google Play.
SERVIÇO
ARTÉRIAS – 2ª TEMPORADA
Série documental
Direção: Helena Bagnoli
Conteúdo: 26 episódios
Duração aproximada: 12 min
Classificação indicativa: Livre (exceto episódios indicados)
Exibição: quintas-feiras, às 21h30
Sob demanda
Assista em sesctv.org.br/arterias
Disponível na plataforma sesc.digital
Baixe o aplicativo em app.sesc.digital
Episódios de setembro:
Alice Yura – 4/9
Antônio Obá – 11/9
ASCURI – 18/9
Auá Mendes – 25/9
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