Documentário apresenta origem e debate os efeitos do mercado de desenvolvimento pessoal (Foto: Divulgação/ Curta!)

Mal levantamos da cama e as mensagens de perseverança e incentivo já chegam à tela do celular, a partir de vídeos de coaches e slogans publicitários. O otimismo parece ter se tornado uma moda, e o documentário inédito A Indústria da Felicidade, que estreia com exclusividade no Curta! no dia temático Quintas do Pensamento, 12 de junho, às 22h, e investiga como e por que essas ideias se perpetuaram na sociedade moderna.

Com direção de Jean-Christophe Ribot e produção da Arte France, o filme traz imagens de arquivo e depoimentos inéditos de sociólogos, psicólogos e pesquisadores que estão na linha de frente dos estudos sobre a felicidade humana e a sociedade contemporânea.

Movimentos de desenvolvimento pessoal que prometem sucesso financeiro, físico e emocional se tornaram um grande negócio. Hoje, há mais de 70 mil coaches oficialmente listados no mundo todo, um mercado com valor estimado em três bilhões de euros por ano. Eles se tornaram gurus de um estilo de vida, sucesso editorial em livrarias e protagonistas de eventos.

“Qual é a ajuda psicológica que isso traz? As pessoas que estarão na sala sairão de lá com ferramentas que as tornarão mais felizes? Ou vão sair com algumas ideias estúpidas que vão complicar suas vidas?”, questiona o psiquiatra Christophé André.

O documentário retraça a trajetória desses influenciadores, que se tornaram ainda mais potentes com as redes sociais. Com frases de efeito, provocam emoções e mudanças, mas também pressão, ansiedade e ilusões sobre atividades e atitudes incompatíveis com o cotidiano da maioria da população.

“Vivemos em uma sociedade que acredita que, para ser um bom ser humano, você tem que ser saudável, tem que ser feliz. Essa sociedade não apenas favorece e privilegia as pessoas que conseguem isso, mas também demoniza as que não conseguem”, avalia o sociólogo Carl Cederström.

A obra apresenta uma perspectiva histórica do ideal de bem-estar. Com foco nos Estados Unidos como influência cultural e econômica, o documentário debate desde a conquista do Oeste, passando pela Grande Depressão até chegar às teorias mais modernas, como a psicologia positiva. Também aborda a rotina das grandes empresas, que aperfeiçoaram métodos para incentivar práticas de felicidade para os funcionários, iniciativa que tem sido vista com cuidado por especialistas.

“A concepção de que ação coletiva resultaria, como mágica, do acúmulo de uma série de comportamentos individuais é um pouco preocupante. Um dos elementos que resulta do sucesso do desenvolvimento pessoal é a gradual desvalorização da ação coletiva”, analisa o sociólogo Nicolas Marquis.

“A Indústria da Felicidade” é uma produção da ARTE FRANCE. O filme também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui