
Logo no início do inédito documentário Maria Alcina em Sem Vergonha, a cantora afirma que seu corpo é seu palco e cenário. É por esses ambientes, apresentados de forma lúdica e teatral, que passeamos ao longo do filme, que resgata sua trajetória como uma das mais importantes artistas populares do Brasil. A obra estreia com exclusividade no Curta! no dia temático Segundas da Música, 11 de agosto, às 21h30.
Viabilizado pelo canal através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), a produção é da Dilúvio e direção de Rafael Saar, que lança mão de toda ousadia e talento de Maria Alcina para criar um filme diferente. As ricas imagens de arquivo são apresentadas de forma mesclada, como se as personagens estivessem saboreando aqueles momentos pela primeira vez.
Em vez de depoimentos em um formato tradicional de entrevistas, uma narração de fundo conduz a história de vida da artista. Maria Alcina recorda a infância humilde em Cataguases, interior de Minas Gerais, onde via, pela televisão da vizinha, os programas musicais da época, encanto que a levou aos palcos.
“Eu consegui ser aceita e fiz minha primeira apresentação no programa do Flávio Cavalcanti, na TV Tupi, quando me transformei na celebridade da cidade. Mesmo que por um dia”, conta.
O documentário, que passou por festivais como Tiradentes, Mostra São Paulo e In-Edit, exalta o lado lúdico e inventivo da artista. Entre interpretações de sua trajetória de vida, sonhos, desejos e alucinações compõem a obra, revelando seu lado íntimo. E, assim como suas apresentações, é cheio de cores, brilhos e música.
“As pessoas olhavam para a gente e estranhavam: por que você se pinta assim? Me maquiar significa um ritual. Para mim, a única coisa que o homem tem de real é a sua fantasia”, defende a artista.
Com uma vida e uma trajetória profissional marcadas pela transgressão e a liberdade, Maria Alcina se define como uma artista popular. Com sua voz, alcançou milhões de brasileiros, inclusive os censores da Ditadura Militar, a quem sua figura ousada era um afronte.
“Eu fazia show pelo país inteiro e eu acho que eles começaram a ir disfarçados. O interrogatório demorou horas e eles me perguntavam: por que você faz isso? Por que é assim? Eu não sabia responder que eu era o que eu era pois nasci assim, eles não entendiam e queriam me proibir de ser quem eu sempre fui”, denuncia a cantora.
Como um diário musicado, o filme traz canções autorais e a interpretação de Maria Alcina de artistas como Gal Costa, com “Fruta Gogoia” e Gilberto Gil, com “Roda”. Várias de suas músicas são apresentadas com sua voz atual, reforçando sua influência na cultura nacional. Interpretando a si mesma com vigor e desenvoltura, ela revive seus tempos de ouro das apresentações musicais e teatrais.
O filme homenageia as artes cênicas e celebra artistas performáticos e andróginos como Jorge Lafond, Elke Maravilha e Ney Matogrosso (que chega a fazer uma participação especial na obra, dando vida a um grosseiro censor), vividos por atores nas vestimentas que marcaram a carreira desses nomes da cultura popular. Eles compõem o teatro de “Sem Vergonha”, uma exaltação, na figura de Maria Alcina, aos grandes artistas populares do Brasil.
“Maria Alcina em Sem Vergonha” é uma produção da Dilúvio, viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O filme também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br) a partir do dia 12.
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