
Paulo Camargo, tenista profissional que chegou ao ranking mundial quando já tinha mais de 30 anos e depois de superar dificuldades pessoais, como um acidente grave de moto, alcoolismo, depressão e excesso de peso, será tema de uma cinebiografia nacional. O filme, uma parceria das produtoras Ultra Violeta e A Fábrica, é baseado em “1% Até onde você iria?”, livro no qual ele conta sua história real, que mais parece um roteiro de ficção.
“Não é um filme de tênis. É um drama, com bons momentos de comédia, sobre a minha trajetória. O que eu conquistei não foi um marco no esporte, não virei o número 1 do mundo. Porém, nas condições em que eu conquistei, consigo mostrar ao público que uma pessoa comum pode tornar um sonho possível mesmo sem condições, sem dinheiro, sem apoio, sem nada. Então, a minha história se conecta aos anseios da maioria dos brasileiros”, celebra.
Nascido no interior de São Paulo, o tenista é o mais jovem de quatro irmãos em uma família sem nenhuma tradição no esporte formada por professores, advogados e promotores com títulos de mestres e doutores. Contrariando as expectativas gerais, tinha desde os cinco anos, o sonho e a certeza de que se tornaria atleta profussional. Tentou várias modalidades, entre elas o atletismo, o futebol e o próprio tênis, e nada deu certo. “Eu tinha meus pais falando que eu era um fracasso, querendo me internar. Os amigos se afastaram de mim”, relembra.
Camargo foi ao fundo do poço depois de sofrer um acidente grave de moto aos 18 anos. Começou a beber em excesso, ganhou peso e chegou a uma situação financeira insustentável. Aos 30 anos, veio o ponto de virada: decidiu que não desistiria do sonho de ser um tenista profissional. “Eu estava 40 quilos acima do peso e não tocava numa raquete havia mais de 10 anos quando decidi me reerguer e viver um grande sonho. Não tinha dinheiro e ninguém acreditava em mim”.
A estratégia foi se infiltrar no circuito mundial, mesmo amador. Ele sabia que não tinha condições de jogar contra tenistas profissionais, mas passou a observar tudo, tanto atletas quanto treinadores. “Queria viver tudo aquilo que imaginava que uma pessoa profissional viveria. Eu entrando na quadra, cumprimentando as pessoas, as pessoas me cumprimentando. O pessoal me entrevistando, imaginava tudo isso. Minha motivação era absurda”.
Por muitas vezes sem dinheiro nem para comer, o tenista chegou a se alimentar apenas de bananas que ficavam à disposição dos atletas nas salas dos jogadores. A maré começou a virar quando percebeu que o único caminho era jogar os maiores torneios mundiais que havia no país. Ele mesmo corria sozinho atrás dos patrocínios para jogar. Especializou-se em duplas, disputou torneios mundiais e campeonatos da série “Challenger” , como o Mundial Aberto de Belo Horizonte, no qual chegou às semifinais em 2006, contra os mineiros André Sá e Marcelo Melo, que estavam entre os melhores tenistas do mundo. No Challenger Aberto de São Paulo, chegou às quartas de final vencendo o cabeça de chave número um e 30º do mundo, o argentino Carlos Berlocq, ao lado de seu compatriota Emiliano Redondi.
Na curta carreira como profissional, jogou os maiores torneios do país entre 2004 a 2008, contra grandes nomes do tênis. Em seu melhor momento, chegou a ficar entre os 700 melhores do ranking mundial. “Criei estratégias, algumas malucas, algumas normais, algumas muito boas para conquistar o meu sonho. O resumo é que eu realizei algo que as pessoas comuns acham que não é possível e é essa história que o filme vai contar”, conclui.
Depois que deixou as quadras, Paulo Camargo ainda conquistou um feito que é sonho de muitos colegas do esporte. Foi o responsável pelo treinamento de grandes nomes do tênis mundial que vieram ao Brasil para um evento em 2015. Entre eles, Roger Federer, Maria Sharapova e Serena Williams. Esse episódio também estará no filme “1% Até onde você iria?” como mais um capítulo da extraordinária jornada insistente de Paulo Camargo para transformar um sonho em realidade. “Eu queria muito ver o Federer jogar. Como não podia pagar o ingresso, decidi fazer parte da equipe que treinaria o Federer e foi o que aconteceu. Tornei-me responsável pelo treinamento dos maiores nomes da história do tênis mundial que estiveram no Brasil naquela temporada”, relata.
Que demais!!! Quero assistir!!!!👏👏👏🙏🏻🙏🏻