Cena do documentário ‘Oroboro’ (Foto: Reprodução/ Divulgação/ Assessoria Oroboro)

O documentário nacional Oroboro, dirigido pelo renomado cineasta e artista visual Pablo Lobato, chega aos cinemas nesta quinta-feira (20), trazendo uma narrativa sensível e poética sobre o poder da arte na formação de jovens estudantes. A produção, com estreias confirmadas em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, acompanha dois grupos de alunos que adaptaram para o teatro duas obras-primas da literatura e da música: “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e “A Flauta Mágica”, de Mozart.

A partir dos ensaios, apresentações e da rotina escolar, Oroboro acompanha a intimidade das descobertas, dores e alegrias vividas na radicalidade da juventude. As forças paradoxais das personagens encenadas movem uma vasta constelação temática: vida e morte, arte e educação, cinema e teatro, natureza e urbanização.

O colégio, locação principal do filme e palco das encenações, está situado em um vale entre Belo Horizonte e Nova Lima. Atravessado por um córrego e cercado por áreas verdes e corredores ecológicos, hoje se vê pressionado por uma das urbanizações mais dinâmicas do país. “Diante de uma sensível prática formativa, nesta fronteira entre metrópole e interior, entre expansão econômica e conservação ecológica, percebi um espelho da sociedade brasileira contemporânea. Oroboro é fruto destes paradoxos e revela algo que resiste, vindo desse vínculo essencial entre a arte e a formação humana”, explica o diretor Pablo Lobato.

Produzido pela Claroescuro Studio e distribuído pela Fênix Filmes, Oroboro conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo para sua distribuição e o patrocínio da Saúva Jataí para a finalização.

Nota: Oroboro remete ao símbolo ancestral da serpente que engole a própria cauda, formando um círculo. De origem grega, representa o ciclo da vida, a renovação e a transformação contínua.

A confluência entre arte e formação humana no trabalho de Pablo Lobato
O retorno de Pablo Lobato ao cinema com Oroboro reafirma seu modo de criação, que escapa a uma única linguagem e se constrói na relação com diferentes contextos. Seu trabalho acontece no encontro com as forças disponíveis, na colaboração com a matéria e na atenção ao que emerge em cada fazer. Entre o cinema e as artes visuais, seus últimos anos têm sido atravessados pelos diálogos entre arte e formação humana.

Oroboro partiu de um espanto. Em 2018, me deparei com um brilhante grupo de jovens estudantes adaptando Grande Sertão: Veredas para o teatro. Fiquei profundamente tocado ao vê-los criando juntos, encontrando embocadura para esse mito fundador brasileiro. A peça já estava em curso, mas o filme nascia ali, sem um projeto, sem recursos disponíveis, apenas na urgência do que acontecia diante de mim. Senti que precisava atender a esse chamado. No início, precisei seguir sem equipe, movido por esse encontro inesperado. Aos poucos, fui me aproximando mais desse colégio de Minas Gerais, onde uma linhagem pedagógica implementa, no cotidiano, um pensamento indissociável da arte. Entre 2018 e 2020, formei uma pequena equipe e acompanhei com minha câmera os processos imersivos vividos pelos estudantes, gravando também a segunda turma de adolescentes mais jovens, que me encantou ao adaptar A Flauta Mágica, de Mozart”, relembra Lobato.

Isabella Brisa, aluna e a atriz que interpretou o personagem Hermógenes em Grande Sertão: Veredas, no ano de 2018, comenta sobre a experiência de reviver o processo de criação do espetáculo a partir do filme.  “Oroboro foi um presente maravilhoso. O filme é emocionante; sua sensibilidade me tocou profundamente. Minha sincera gratidão e admiração por esse trabalho magnífico e por todos que o tornaram possível. Foi um privilégio participar deste projeto, que reacendeu em mim o desejo de me expressar através da arte”, ressalta Brisa.

Ficha Técnica
Nome: Oroboro
Gênero: Documentário
Duração: 81’13”
Ano: 2025 (filmado de 2018 a 2022 em Minas Gerais, Brasil)
Idioma: Português
País: Brasil
Direção: Pablo Lobato
Produção Executiva: Marcus Leskovsek
Produção: Marcus Leskovsek e Pablo Lobato
Produtora: Claroescuro
Fotografia: Pablo Lobato
Argumento: Pablo Lobato
Roteiro: Daniel Tavares
Montagem: Luiz Pretti e Pablo Lobato
Som: Nelson Pimenta Soares Filho, Pablo Lobato e Pedro Aspahan
Trilha sonora: O Grivo

Sobre o diretor
Pablo Lobato (Bom Despacho, 1976) é artista visual e cineasta. Foi um dos criadores da Teia – Centro de Pesquisa e Produção Audiovisual, em Belo Horizonte, entre 2002 e 2014. Seu primeiro longa-metragem, Acidente, foi exibido em festivais como Sundance, Locarno e Guadalajara, onde recebeu o prêmio de Melhor Documentário Ibero-Americano.

Em 2009, recebeu a bolsa John Simon Guggenheim, reconhecimento pela qualidade e consistência de sua produção. Após um período de intensa dedicação às artes visuais, com exposições em instituições como o MoMA (NY), o New Museum (NY) e o Museu Tamayo (Cidade do México), além de bienais na América Latina, Europa e Ásia, Pablo retorna ao cinema com Oroboro.

O filme foi um dos impulsos para a criação de seu projeto mais recente e significativo, Bárbara de Cocais – Escultura Comunitária #01, que entrelaça um festival de cinema a práticas artísticas e processos de envolvimento comunitário em um território específico. Suas obras integram coleções públicas de diversas instituições, entre elas o MACBA (Barcelona), a Sharjah Art Foundation (Emirados Árabes Unidos) e o MAM (Rio de Janeiro).

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