Jacques Audiard, de chapéu e óculos escuros, e Karla Sofía Gascón, de vestido amarelo, estão no centro das polêmicas de Emilia Pérez (Foto: Reprodução/ Golden Globes)

Quatro estatuetas do Globo de Ouro, de um total de dez indicações, e 13 nomeações ao Oscar, a ser realizado no próximo dia 2 de março, não são as únicas coleções do polêmico Emilia Pérez. Uma declaração preconceituosa do diretor Jacques Audiard nesta semana entrou para o rol da produção que, atualmente, tem chamado mais a atenção por polêmicas do que por suas qualidades.

O francês soltou a seguinte frase à revista Konbini, em um vídeo vazado na internet: “O espanhol é um idioma de países modestos, de países em desenvolvimento, de pobres e migrantes.”

A repercussão foi imediata: usuários classificaram o cineasta como “eurocêntrico, preconceituoso, xenófobo e racista”. E, não esqueçamos, o filme versa sobre um tema correlato: a história de um líder do cartel, crime organizado no México, que passa por uma transição de gênero para tentar deixar o passado para trás e recomeçar sua vida.

Essa, porém, não é a única controvérsia gerada pela produção. Vamos à lista:

  1. Audiard, o diretor, novamente, admitiu, em outra entrevista, que não realizou uma pesquisa aprofundada sobre o México antes de desenvolver o roteiro;
  2. Audiard, o diretor, não bastasse, ainda disse que o elenco, majoritariamente estrangeiro, deve-se ao fato de que, nas próprias palavras, “não ter encontrado atrizes adequadas no México”. Assim, também foi criticado pelo filme falhar na questão da representatividade;
  3. No México, a população tem levantado questões polêmicas sobre a forma como o filme cria estereótipos da cultura mexicana e não representa adequadamente a comunidade latina;
  4. Embora Fernanda Torres tenha feito um vídeo nas suas redes sociais, e amplamente divulgado nacional e internacinalmente, enaltencendo Emilia Pérez e a espanhola Karla Sofía Gascón, sua concorrente ao Oscar 2025 de “Melhor Atriz”, a recíproca, a princípio, não foi verdadeira. “O que eu não gosto é que exista uma equipe de redes sociais que trabalha ao redor de todas essas pessoas tentando diminuir o trabalho de outras pessoas, como o meu, ou o do filme, porque isso não leva a lugar nenhum. Há muitas pessoas que trabalham no ambiente de Fernanda Torres que falam mal de mim e de ‘Emilia Pérez’“, declarou, à Folha de S.Paulo. Ela se retratou dois dias depois: “Sou uma grande fã de Fernanda Torres e foi maravilhoso conhecê-la nos últimos meses. Em meus comentários recentes, eu estava me referindo à toxicidade e ao discurso de ódio violento nas mídias sociais que infelizmente continuo a vivenciar. Fernanda tem sido uma aliada maravilhosa, e ninguém diretamente ligado a ela foi nada além de solidário e extremamente generoso“, disse, à revista Variety.
  5. Karla Sofía Gascón, que, nesta semana, desativou sua conta no X por, teoricamente, sofrer preconceitos, foi alvo da descoberta de posts antigos carregados de discursos de ódio, intolerância e racismo na rede, quando ainda se chamava Twitter. Entre as declarações estão os termos “retardados” para descrever muçulmanos e “profundamente repugnante” para se referir ao Islã; a polêmica também envolve George Floyd que, segundo suas palavras era “um vigarista viciado em drogas” (o assassinato dele foi o estopim do movimento Black Lives Matter – Vidas Negras Importam). Não bastasse, ela ainda tece uma crítica inadmissível à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar: segundo Gascón, a diversidade da premiação não passa de “um festival afro-coreano“.

Audriard ainda não se pronunciou sobre suas polêmicas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui