Fernando Apparicio de Brinkerhoff Torelly, o jornalista gaúcho que se autointitulou o Barão de Itararé, é saudado no documentário-comédia “O Brasil que não Houve – As Aventuras do Barão de Itararé no Reino de Getúlio Vargas”, uma produção original do Curta!. O longa é um passeio pela história do Brasil, fazendo conexões bem-humoradas do descobrimento aos dias de hoje, em uma análise, assim como ele, satírica. Inédito e exclusivo, o filme estreia no canal depois de ser exibido na Festa Literária Internacional de Paraty e no Festival do Rio. A estreia é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 24 de outubro, às 22h.
Com direção do jornalista e cineasta Renato Terra e do escritor e roteirista Arnaldo Branco, a produção é conduzida pelo ator Gregório Duvivier e tem participação dos comediantes Fábio Porchat e Rafael Portugal, responsáveis por algumas encenações, com imagens de arquivo, jornais da época e animações. A partir de uma superlente de humor de Apporelly – uma junção de Apparicio com Torelly – Duvivier narra uma “República Generalizada” e o seu poder natural por avacalhar todas as coisas. Interpreta a carta de Pero Vaz de Caminha e apresenta os feitos do Barão de Itararé e os defeitos de um país que se equilibra entre a graça e a desgraça.
“Se há um idiota no poder é porque os que o elegeram estão bem representados”, brincava o Barão, que tirava sarro desde a República do Café com Leite até os costumes da época.
O menino Apparício se destacou desde cedo. Ainda pequeno, criou o seu primeiro jornal de humor, o Capim Seco, escrito à mão para ironizar os hábitos do colégio jesuíta onde estudava. Anos depois, comandou o jornal “A Manha”, uma publicação jocosa que satirizava a imprensa, os costumes e os políticos, escancarando que a cobertura jornalística naquela época era uma piada. Se consagrou como o grande nome do “jornalismo mentira, humorismo verdade”, durante a Era Vargas (1930-1945), em uma época em que comediantes iam para a prisão. E com Apporelly, fichado como agitador e colaborador comunista, não foi diferente, e ele foi preso três vezes.
Muitas frases do Barão continuam atuais e são memes hoje em dia, como “De onde menos se espera é que não surge nada mesmo”, “Em caso de guerra, ou mato ou morro — ou eu corro pro mato ou eu corro pro morro”, “Todos temos a hora do rato e a da ratoeira”, “Diz-me com quem andas e eu te direi se vou contigo”, “Negócio importante não se mata amarra com barbante”, “O fígado faz muito mal à bebida”, entre outras. Além do título de Barão de Itararé, se autoproclamou “herói de dois séculos”, mas seu humor formou gerações e continua atual.
Ele se tornou o Pai do Pasquim, o avô do Casseta & Planeta e o bisavô do Sensacionalista. O Barão de Itararé nasceu da famosa batalha que ocorreria durante a Revolução de 30, mas que acabou não acontecendo. Sim, a Batalha de Itararé foi desmarcada por conta de um acordo, um conchavo. E o Barão, porta-voz dos eventos que prometeram muito e não entregaram nada, continua como o cronista oficial de um Brasil que não houve.
“O que se leva desta vida é a vida que se leva”, definiu em mais uma de suas frases marcantes.
“O Brasil que não Houve – As Aventuras do Barão de Itararé no Reino de Getúlio Vargas” é uma produção da Inquietude e foi viabilizada pelo Curta! por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O documentário pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma um dia após a estreia no canal.
Sensacional!!👏👏🇧🇷🇧🇷