A segunda temporada da série ARTÉRIAS segue mapeando trajetórias artísticas que rompem com visões estereotipadas da arte brasileira. Em episódios inéditos exibidos às quintas-feiras, às 21h30, no SescTV, a produção dirigida por Helena Bagnoli traz relatos em primeira pessoa de artistas de várias regiões do Brasil, com ênfase em perspectivas negras, indígenas e LGBTQIAPN+.

No episódio que vai ao ar em 7/8, o artista mineiro Davi de Jesus do Nascimento compartilha a poética de sua arte ribeirinha. Nascido em uma família de pescadores e lavadeiras em Pirapora (MG), Davi transforma em obra o legado afetivo e simbólico do Rio São Francisco, que também foi palco da morte trágica de sua mãe. A dor se converteu em criação, dando origem a “aguamentos” e “sorvedouros” — aquarelas e imagens que misturam seres, frutas e ancestralidade espiritual. Em parceria com seu pai, marceneiro e pescador, Davi transforma antigos barcos, muitos deles construídos por seu pai, em oratórios. Essas embarcações são como águas guardadas que guardam memória do Rio São Francisco e reforçam sua poética. O artista também homenageia os ribeirinhos em suas carrancas desenhadas em série — um alerta surgido após a tragédia de Brumadinho.

Na semana seguinte, dia 14/8, o episódio é dedicado à maranhense Gê Viana, artista de origem Anapuru-Muypurá. Com colagens, lambe-lambes e performances urbanas, ela ressignifica imagens da história oficial e desmonta narrativas coloniais com forte impacto visual. “O lambe-lambe para mim é uma plataforma social, política e educativa também, porque através dele posso educar o olhar das pessoas”, comenta a artista. A partir de arquivos fotográficos, carvão e intervenções no espaço público, Gê faz de sua arte um protesto, utilizando seu corpo também como suporte, ao dançar e se fotografar em frente aos pixos. Suas obras de teor decolonial denunciam apagamentos históricos e reafirmam a presença indígena no Brasil contemporâneo.

No dia 21/8, é a vez do artista wapichana Gustavo Caboco, que atua entre Curitiba e Roraima. Seu trabalho multimídia — com desenhos, textos, murais, vídeos e bordados — narra o processo de retorno à Terra Indígena Canauanim, local de origem de sua mãe. Gustavo cresceu em um ateliê de costura e hoje integra sua prática artística ao ofício herdado da mãe, transformando tecidos e linhas em suportes para contar histórias. Em Coma Colonial, sua exposição mais recente, questiona os efeitos do colonialismo e a forma como ele segue operando em corpos e territórios indígenas.

Encerrando o mês, em 28/8, o episódio com Josi mergulha nas camadas simbólicas do serviço doméstico e da cozinha como espaços de criação e resistência. Nascida em Itamarandiba (MG), no Vale do Jequitinhonha, Josi desenvolveu uma técnica singular: pintar com água de feijão. A artista revela que produzir imagens a acolheu ao longo da vida e utiliza, nessa produção, peneiras, quaradores, goma de farinha e cerâmica, em um processo que resgata saberes ancestrais com sensibilidade autobiográfica e que começa na panela. “A produção do material para pintar é muito minuciosa, é da panela, da fervura desses pigmentos naturais. É dessa fervura, do corpo dessas matérias, que essas imagens surgem”, conta. Seu trabalho homenageia a memória feminina e o cotidiano como espaço político e criativo.

SERVIÇO
ARTÉRIAS – 2ª TEMPORADA
Série documental
Direção: Helena Bagnoli
Conteúdo: 26 episódios
Duração aproximada: 12 min
Classificação indicativa: Livre (exceto episódios indicados)
Exibição: quintas-feiras, às 21h30

Sob demanda
Assista a série completa em sesctv.org.br/arterias

Próximos episódios:
Davi de Jesus do Nascimento – 7/8
Gê Viana – 14/8
Gustavo Caboco – 21/8
Josi – 28/8

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A artista mineira Josi fala sobre seu processo de criação em episódio de ‘Artérias’, dia 28/8 (Foto: Henk Nieman)

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