De Urussanga, pequena cidade catarinense onde cresceu entre paisagens rurais e uma vida simples, até os palcos mais cobiçados da Europa, a trajetória do tenor Aldo Baldin é um capítulo brilhante – e pouco conhecido – da música de concerto brasileira. No dia 31 de julho, essa história ganha as telas do cinema nacional com o documentário Aldo Baldin, Uma Vida Pela Música”, dirigido por Yves Goulart e distribuído pela Bretz Filmes.

Premiado em mais de 20 festivais pelo Brasil e no exterior, o filme desvenda a ascensão de um artista que, com sua voz límpida e técnica impecável, gravou mais de cem discos e se tornou uma figura reverenciada no meio musical internacional – especialmente na Alemanha, onde fixou residência e construiu parte significativa de sua carreira. A narrativa acompanha desde os primeiros anos de Baldin, mergulha em suas raízes familiares e na paixão precoce pelo canto, até o reconhecimento global, quando passa a dividir o palco com lendas como o maestro alemão Helmuth Rilling, seu parceiro em 45 gravações, e o britânico Sir Neville Marriner, com quem conquista o Grammy em 1981 pela interpretação de “A Criação”, de Haydn.

O longa conta com depoimentos emocionados de quem conviveu com o tenor: o maestro Isaac Karabtchevsky, a pianista Lilian Barretto, o compositor Edino Krieger e os cantores Maria Lucia Godoy e Fernando Portari compartilham memórias que revelam não apenas o músico excepcional, mas o homem por trás da arte – dedicado, amigo, generoso e profundamente ligado às suas origens.

Mais do que um tributo, o documentário é um reencontro com um legado artístico que merece ser redescoberto. Para os amantes da música de concerto, é uma chance única de entender a dimensão de um brasileiro que elevou o nome do país no cenário erudito internacional. Para o público geral, uma oportunidade de se encantar com a história de um menino do interior que, com talento e persistência, tornou-se artisticamente imortal.

O filme, que já percorreu o mundo com pré-estreias em Nova York, na Alemanha e em capitais brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis, acumula impressionantes 24 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Destaques recentes incluem a dupla conquista no prestigiado Festival Internacional Movie Awards de Roma – “Melhor Documentário” e “Melhor Diretor” – e o prêmio de “Melhor Documentário” no renomado Berlin Motion Picture Awards, consolidando a obra como um marco do gênero documental no cenário cinematográfico atual.

“Chegou a hora de compartilhar com o público brasileiro a biografia do tenor Aldo Baldin. Desejo que o documentário encante não apenas os amantes da música, mas também aqueles que vão descobrir os encantos desse talento nato e inesquecível. Baldin representa o lado bom e criativo da alma brasileira! Eu acredito que o público vai celebrar esse trabalho com respeito e admiração que esse grande artista merece” – afirma o premiado diretor do filme Yves Goulart.

Para Irene Flesch Baldin, viúva de Baldin, o filme diz muito sobre a história de vida do artista. “Se me perguntarem por que fazer um documentário sobre Aldo Baldin, eu responderia: ‘Porque ele foi, em alguns pontos, um cantor diferente e especial, principalmente por ter nascido em um lugar bastante simples, um lugar que a gente nunca imaginaria que de lá sairia um tenor lírico que cantasse Mozart, Bach, Rossini e Beethoven, com todos os estilos que exigem esses compositores. Para mim, como violinista, é surpreendente como ele tinha tamanha inteligência musical que, com certeza, era um dom divino”. E completa: “Sua curta vida foi muita intensa como cantor e professor catedrático. Neste ano de 2025, em que Aldo completaria 80 anos, o lançamento do documentário é uma oportunidade ímpar para reconhecermos esse tenor brasileiro. O seu desejo de fazer um livro acabou se tornando um filme, onde podemos ouvi-lo, vê-lo e senti-lo através de sua voz. Ele, com certeza, estaria muito feliz com esse filme! Aldo sempre me dizia que ‘só faz carreira quem tem uma chama muito grande e quem ama extremamente aquilo que faz’. E ele realmente amava o canto. O público brasileiro merece conhecer a história de resiliência de Aldo Baldin, que construiu uma linda carreira. Ele também é parte do Brasil. Baldin é inspiração para jovens que querem seguir não só a sua profissão, mas qualquer outra carreira artística” – destaca Irene Flesch Baldin.

Aldo Baldin – O Gênio Esquecido da Música Erudita Brasileira

Todo cineasta sonha em desvendar histórias únicas – aquelas que transcendem o entretenimento e convidam o público a uma verdadeira imersão cultural. Foi essa busca que levou Yves Goulart a descobrir e imortalizar na tela a trajetória extraordinária de Aldo Baldin (1945-1994), um dos maiores tenores brasileiros, cuja obra permanecia inexplicavelmente ausente do cinema.

O encontro do diretor com esse legado musical aconteceu por acaso em 2009, em Nova York, quando uma amiga lhe mostrou o LP ‘Serenatas, Bachianas & Canções’ de Villa-Lobos. A capa do álbum trazia uma imagem que fez Goulart estremecer: a igreja matriz de Urussanga, sua cidade natal. “Como a igreja da minha infância foi parar num disco de música erudita? Quem é esse Aldo Baldin?”, questionou, iniciando assim uma pesquisa meticulosa que duraria 14 anos.

A investigação revelou um paradoxo artístico: enquanto no Brasil Baldin era um ilustre desconhecido, no exterior ele era reverenciado como um dos grandes intérpretes líricos do século XX. Goulart localizou Irene Flesch Baldin, viúva do tenor na Alemanha, e descobriu um fato impressionante: mais de 100 discos gravados, duas indicações ao Grammy – com a conquista da estatueta em 1981 pela interpretação de “A Criação” de Haydn, ao lado de lendas como a soprano Edith Mathis, o barítono Dietrich Fischer-Dieskau e sob a batuta do renomado Sir Neville Marriner.

O documentário resultante desta jornada é mais que um filme – é uma redescoberta cultural. Das raízes humildes em Santa Catarina aos palcos mais prestigiados da Europa, a obra revela como um menino do interior brasileiro conquistou o mundo da música erudita, tornando-se um caso raro de excelência artística que o Brasil precisa conhecer.

Os prêmios da produção:

  • Melhor Documentário – Festival Internacional de Cinema Madri 2025 ( Madri, junho de 2025);
  • Melhor Documentário / Melhor Diretor – The Great Britain Silver Screen Awards (Reino Unido, junho de 2025);
  • Melhor Documentário / Melhor Diretor / Melhor Produtor / Melhor Edição – 2º Festival Internacional de Cineastas de Toronto (Toronto, junho de 2025);
  • Melhor Documentário – 6º Luis Bunuel Memorial Awards (Índia, junho de 2025);
  • Melhor Documentário – 2º Paris Cine Fiesta (Paris, maio de 2025);
  • Melhor Documentário – 7º Festival Internacional de Cinema Druk (Butão, maio de 2025);
  • Melhor Documentário – 7º Festival Internacional de Cinema Brandenburg (Berlim, maio de 2025);
  • Prêmio de Realização Excepcional – 2º Premiação da Academia Sueca de Cinema (Estocolmo, maio de 2025);
  • Melhor Documentário – 3º Berlin Motion Picture Awards (Berlim, maio de 2025);
  • Melhor Documentário Longa / Melhor Diretor – 6º Rome International Movie Awards (Roma, abril de 2025);
  • Melhor Filme / Prêmio de Prata para Diretor – 6º Hollywood Gold Awards (Los Angeles, abril de 2025);
  • Prêmio de Prata para Documentário Longa – 7º Florence Film Awards (Florença, abril de 2025);
  • Prêmio de Ouro para Documentário Longa – 5º Milan Gold Awards (Milão, março de 2025);
  • Melhor Edição para Documentário Longa – 5º Tietê International Film Awards – T.I.F.A. (São Paulo, março de 2025);
  • Melhor Documentário Longa – New York Movie Awards 2025 (EUA, fevereiro de 2025);
  • Troféu Pataxó – Reconhecimento ao Diretor – 7º Festival de Cinema de Trancoso (Porto Seguro, dezembro de 2024);
  • Melhor Longa pelo Júri Oficial – 5º GO FILM Goiânia Film Festival (Goiânia, novembro de 2024);
  • Melhor Longa pelo Júri Popular – 28º Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM (Florianópolis, setembro de 2024);
  • Edital Prêmio Cinemateca Catarinense/FCC na categoria ‘Pesquisa e Desenvolvimento de Projeto Cinematográfico de Longa-Metragem’ (Santa Catarina, Edição 2011).
O diretor do documentário Yves Goulart celebra os mais de 20 prêmios dos Festivais – (Foto: Acervo Pessoal)

1 COMENTÁRIO

  1. Muitos artistas precisam ser reconhecidos no exterior para serem valorizados no Brasil, uma triste realidade. Homenagem mais que merecida, que esse gênio da música seja reconhecido no Brasil, seja sempre lembrado e reverenciado🙏🏻🙏🏻

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