Nicolas Philibert (Foto: Divulgação)

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro recebe, da próxima terça-feira (9) até o dia 21 de setembro (domingo), a mostra O Cinema de Nicolas Philibert, a primeira retrospectiva, no Rio de Janeiro, do premiado cineasta francês, grande documentarista contemporâneo, que ainda é pouco conhecido por aqui. Nicolas Philibert virá ao Brasil especialmente para o evento. A entrada é gratuita e os ingressos devem ser retirados na bilheteria da CAIXA Cultural meia hora antes do início da sessão ou atividade.

A mostra apresentará um panorama da obra de Nicolas Philibert e dará ao público a oportunidade de conversar com o cineasta, conhecer o seu processo criativo e métodos de trabalho. A abertura, no dia 9 de setembro (terça), às 17h, será com o longa-metragem No Adamant, premiado com o Urso de Ouro do Festival de Berlim 2023. Após a sessão, haverá um bate-papo com o diretor.

Serão exibidos 14 longa-metragens, sendo que apenas um deles teve lançamento comercial no Brasil, selecionados pelas curadoras Jeanne Dosse e Tatiana Devos Gentile. A mostra é uma realização da Casa do doc e da Blg Entretenimento, com patrocínio da Caixa Econômica Federal e apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français.

Nicolas Philibert tem um interesse particular por instituições (escolas, hospitais etc) e pelas relações humanas que ali se desenvolvem. Seu cinema é caracterizado por uma abordagem sensível e poética, onde o acaso e os encontros desempenham um papel importante. Com um olhar delicado e um aguçado senso de escuta, o cineasta procura estabelecer uma humanidade comum com seus personagens, para além das diferenças.

Philibert confia no cinema – confia que o instante filmado se tornará cinema e, através do cinema, uma relação com o outro. Confia na escuta, na calma, na câmera paciente. Em um mundo tão apressado, que exige soluções rápidas e histórias fechadas, o diretor nos oferece o contrário: o processo, o percurso”, comenta a curadora Jeanne Dosse.

Além dos filmes de Nicolas Philibert, a mostra exibirá o documentário de Jean Louis Comolli –  Nicolas Philibert, Acaso ou necessidade (2019) – sobre a obra do cineasta. Entre os destaques da programação, estão Ser e Ter (2002), vencedor do prêmio francês César de Melhor Edição, o único filme dirigido por Philibert que teve distribuição no Brasil e foi um grande sucesso no mundo todo; os dois filmes mais recentes de Philibert, lançados em 2024, A Máquina de escrever e outros aborrecimentos Averroès & Rosa Parks, que formam uma trilogia com No Adamant; e A Estação de Rádio (2012), que conquistou o prêmio de Melhor Documentário no Festival Internacional de Cinema de Valladolid. A mostra terá também uma sessão inclusiva de O País dos surdos (1992)com legenda descritiva.

O Cinema de Nicolas Philibert promoverá diversas atividades extras. Além do bate-papo no dia da abertura, Philibert participará do debate, no dia 11/09 (quinta), às 18h, junto com o professor e pesquisador Cezar Migliroin e a cineasta Flávia Castro, com mediação da curadora Jeanne Dosse. E, no sábado, 13/09, ele dará uma masterclass, das 14h às 16h. No último dia da mostra, 21 de setembro (domingo), às 15h, será realizada uma sessão de Ser e Ter (Être et Avoir), seguida de  bate-papo com a crítica, curadora e professora Lúcia Monteiro.

Será editado um catálogo, que terá distribuição gratuita, com artigos e entrevistas publicados originalmente em francês, inéditos no Brasil, e textos dos professores e pesquisadores Cezar Migliorin e Lúcia Monteiro, escritos especialmente para a publicação.

Sobre Nicolas Philibert
Nascido em Nancy, na França, em 1951. Filho do professor de filosofia Michel Philibert, que coordenou, por muito tempo, o cineclube de Grenoble, onde eles moravam, antes de criar um “Curso público de arte cinematográfica”: “A cada semana, ele exibia e analisava um filme. Qualquer pessoa podia assistir. Por volta dos 13 ou 14 anos, comecei a entender que o cinema não era apenas uma distração, mas algo que podia nos fazer viajar, nos apresentar rostos e paisagens desconhecidos, nos levar a refletir sobre os outros e sobre nós mesmos”. Foi daí que surgiu o seu desejo de fazer cinema, explica Nicolas Philibert.

Philibert começou como estagiário em todas as funções de um set de filmagem. Depois de se formar em filosofia, tornou-se assistente de direção, especialmente com René Allio e Alain Tanner. Seus primeiros filmes como diretor foram produções sobre montanhismo e aventuras esportivas para a televisão.

Hoje, Nicolas Philibert é reconhecido como um dos grandes cineastas da condição humana, cuja obra continua a provocar reflexão e emoção. Ao longo de sua carreira, acumulou diversos prêmios internacionais. Nos últimos vinte anos, mais de 120 homenagens e retrospectivas de seus filmes foram organizadas ao redor do mundo, desde o British Film Institute (Londres) até o MoMa (Nova York), passando por Mumbai, Damasco, Seul, Tóquio, Pequim, Sydney, Melbourne, Moscou, Varsóvia, Zagreb, Berlim, Milão, Viena, Amsterdã, Helsinque, Vilnius, Copenhague, Edimburgo, Lisboa, Madri, Tessalônica e Barcelona. Agora, chegou a vez do Rio de Janeiro homenagear este diretor fundamental na história do documentário.

Programação:

Dia 09 de setembro – terça-feira

  • 17h00 – No Adamant (Sur L’Adamant), de Nicolas Philibert, 2022, 109 min. 12 anos. Urso de Ouro no Festival de Berlim 2023. Com os pacientes e profissionais da saúde do Centro Diurno Adamant. O Adamant é um centro psiquiátrico diurno único desse tipo: um edifício flutuante. Um barco fixo às margens do Rio Sena, no coração de Paris, que acolhe adultos com transtornos mentais, oferecendo uma estrutura de atendimento para organizá-los no tempo e no espaço, assim os ajudando a se reconectarem com o mundo e encontrarem um pouco de ânimo. A equipe é daquelas que tenta resistir ao máximo à decadência e desumanização da psiquiatria. Sessão especial de abertura, seguida de bate-papo com Nicolas Philibert.

Dia 10 de setembro – quarta-feira

  • 15h – A Voz do Seu Mestre (La Voix de Son Maître), de Nicolas Philibert, codireção de Gérard Mordillat, 1979, 100 min. 12 anos. Doze chefes de grandes empresas francesas (L’Oréal, Darty, IBM-France, Paribas, Le Club Med etc.) falam sobre poder, comando, hierarquia, função dos sindicatos, greves etc. Aos poucos, surge a imagem de um mundo futuro regido pelas finanças.
  • 17h10 – Averroès & Rosa Parksde Nicolas Philibert, 2024, 143 min. 12 anos. Com os pacientes e profissionais da saúde das Unidades Averroès e Rosa Parks do Hospital do Esquirol / Polo psiquiátrico Paris – Centro. Averroès e Rosa Parks são duas unidades do Hospital Esquirol que fazem parte, como o Adamant, do Polo Psiquiátrico Paris – Centro. De entrevistas individuais a reuniões “cuidadores – pacientes”, o cineasta mostra uma certa psiquiatria que se esforça em acolher e reabilitar a fala dos pacientes. Pouco a pouco, cada um deles abre a porta do seu mundo. Num sistema de saúde cada vez mais esgotado, como podemos reintegrar pessoas solitárias em um mundo dividido?

Dia 11 de setembro – quinta-feira

  • 16h30 – A Máquina de Escrever e Outros Aborrecimentos (La Machine à Écrire et Autressources de Tracas), de Nicolas Philibert, 2024, 72 min. 12 anos. Sessão seguida de debate com Nicolas Philibert, o professor e pesquisador Cezar Migliroin e a cineasta Flávia Castro. Mediação da curadora Jeanne Dosse. Com os pacientes e profissionais da saúde do Polo Psiquiátrico Paris – Centro. Parte final da trilogia iniciada com o filme No Adamant e depois com Averroès & Rosa Parks, o filme continua o mergulho no Polo Psiquiátrico Paris – Centro. Aqui o cuidador ajuda, como um faz-tudo, no conserto de um aparelho ou nos afazeres domésticos cotidianos – quando o paciente não sabe o que fazer diante de um problema doméstico, um eletrodoméstico quebrado etc.

Dia 12 de setembro – sexta-feira

  • 16h – De Cada Instante (De Chaqueinstant), de Nicolas Philibert, 2018, 101 min. 12 anos. Todos os anos, milhares de jovens começam seus estudos em Enfermagem. Entre cursos teóricos, exercícios práticos e estágios em hospitais, eles devem adquirir um enorme conhecimento, dominar várias técnicas e além disso se preparar para enfrentar grandes responsabilidades. O filme acompanha os altos e baixos de um processo de aprendizagem que vai confrontá-los, muito cedo, com a fragilidade humana, o sofrimento e as feridas da alma e do corpo.
  • 18h – Ser e Ter (Être et Avoir)de Nicolas Philibert, 2002, 104 min. 12 anos. Este documentário acompanha o cotidiano de uma escola com “turma única” em um pequeno vilarejo da região de Auvergne, na França. O diretor filmou durante meses essa turma que reúne, sob a orientação do mesmo professor, todas as crianças de um mesmo vilarejo – da educação infantil até o 5º ano do ensino fundamental, de 3 aos 10 anos de idade.

Dia 13 de setembro – sábado

  • 14h – Masterclass com Nicolas Philibert. 120 min. 12 anos. Não é necessário inscrição prévia. Os ingressos podem ser retirados na bilheteria da CAIXA Cultural meia hora antes do início da masterclass.
  • 16h20 – O Mínimo das Coisas (La Moindredes Choses)de Nicolas Philibert, 1996, 105 min. 12 anos. Durante o verão de 1995, pacientes e cuidadores da clínica psiquiátrica La Borde se juntam para preparar a tradicional peça de teatro que vão apresentar no verão. Durante os ensaios, o filme acompanha os altos e baixos dessa aventura. Para além do teatro, o filme conta um pouco da vida cotidiana em La Borde, do tempo que passa, dos pequenos nadas, da solidão, do cansaço, mas também dos momentos de alegria, de risos, do senso de humor de alguns moradores e da atenção profunda que cada um dedica ao outro.
  • 18h30 – Nénettede Nicolas Philibert, 2009, 70 min. 12 anos. Nascida em 1969 nas florestas de Bornéu (Malásia), Nénette acaba de completar 40 anos. É muito raro que um orangotango atinja essa idade. Residente do zoológico do Jardin des Plantes, em Paris, desde 1972, ela está lá há mais tempo do que qualquer membro da equipe. Nénette é a estrela do zoológico. Ela vê todos os dias centenas de visitantes passarem na frente da sua jaula.

Dia 14 de setembro – domingo

  • 14h – O País dos Surdos (Le Pays des Sourds), de Nicolas Philibert, 1992, 99 min. 12 anos. Como é o mundo para as milhões de pessoas que vivem no silêncio? Jean-Claude, Claire, Florent, Abou, Marie-Hélène e todos os outros – surdos de nascença ou desde os primeiros meses das suas vidas – sonham, pensam e se comunicam em Língua de Sinais. Com eles, embarcamos na descoberta de um país distante, onde o olhar e o toque são essenciais.
  • 16h – De Cada Instante (De chaqueinstant), de Nicolas Philibert, 2018, 101 min. 12 anos.

Dia 16 de setembro – terça-feira

  • 16h – Nicolas Philibert, Acaso e Necessidade (Nicolas Philibert, Hasard et Necessité), de Jean-Louis Comolli, 2019, 90 min. 12 anos. Uma conversa tranquila entre dois cineastas: Nicolas Philibert e Jean-Louis Comolli, marcada pelo prazer de estar juntos, pelo prazer de filmar a palavra e de escutar. Como nascem os filmes? Quais são as questões que surgem na filmagem e, depois, na montagem? Com grande precisão, Nicolas Philibert descreve sua maneira de trabalhar e nos convida a compreender plenamente a dimensão ética de seu trabalho.
  • 18h – O País dos Surdos (Le Pays des Sourds), de Nicolas Philibert, 1992, 99 min. 12 anos. Sessão Acessível com Legenda Descritiva.

Dia 17 de setembro – quarta-feira

  • 16h – Animal, Animais (Un animal, des animaux)de Nicolas Philibert, 1994, 59 min. 12 anos. A galeria de zoologia do Museu Nacional de História Natural estava fechada ao público há mais de 25 anos, deixando na penumbra e no esquecimento milhares de animais empalhados: mamíferos, peixes, répteis, insetos, anfíbios, pássaros, crustáceos etc. Filmado durante as obras de renovação do Museu – de 1991 a 1994 – esse documentário conta um pouco sobre a transformação desse espaço e a ressureição dos seus estranhos moradores.
  • 17h30 – De Volta à Normandia (Retour en Normandie)de Nicolas Philibert, 2007, 113 min. 12 anos. Na origem deste filme, há outroEu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão…, do cineasta René Allio, filmado na Normandia, em 1975. O filme de Allio é uma ficção baseada em um fato real, com camponeses nos papéis principais. Nicolas Philibert, então jovem assistente, foi encarregado de fazer a seleção do elenco entre os moradores. Uma aventura cinematográfica singular e intensa, cuja lembrança nunca o deixou. Em De volta à Normandia, Philibert retorna para reencontrar esses homens e mulheres e filmá-los em suas vidas atuais.

Dia 18 de setembro – quinta-feira

  • 16h – A Cidade Louvre (La ville Louvre), de Nicolas Philibert, 1990, 85 min. 12 anos. Como é um museu quando não há visitantes? Durante a reforma do Louvre, pela primeira vez, o museu abriu seus bastidores para uma equipe de cinema: quilômetros de galerias subterrâneas, ateliês que abrigam milhares de pinturas, esculturas e objetos, espaços proibidos ao público. Aos poucos, personagens aparecem, se multiplicam, se cruzam, tecendo o fio de uma narrativa, assim quadros são pendurados, salas são reorganizadas, obras são movimentadas, os seguranças experimentam seus novos trajes. A descoberta de uma verdadeira cidade dentro da cidade.
  • 18h – A Voz do Seu Mestre (La Voix de Son Maître), de Nicolas Philibert, codireção de Gérard Mordillat, 1979, 100 min. 12 anos.

Dia 19 de setembro – sexta-feira

  • 16h – A Máquina de Escrever e Outros Aborrecimentos (La Machine à Écrire et Autressources de Tracas), de Nicolas Philibert, 2024, 72 min. 12 anos.
  • 18h – A Estação de Rádio (La maison de la radio), de Nicolas Philibert, 2012, 103 min. 12 anos. Uma imersão no coração da Radio France, sede das rádios públicas francesas. O diretor mostra os mistérios e os bastidores de uma midia cuja própria matéria, o som, é invisível.

Dia 20 de setembro – sábado

  • 14h30 – No Adamant (Sur L’Adamant), de Nicolas Philibert, 2022, 109 min. 12 anos. Urso de Ouro no Festival de Berlim 2023. Com os pacientes e profissionais da saúde do Centro Diurno Adamant
  • 17h – Averroès & Rosa Parksde Nicolas Philibert, 2024, 143 min. 12 anos. Com os pacientes e profissionais da saúde das Unidades Averroès e Rosa Parks do Hospital do Esquirol / Polo psiquiátrico Paris – Centro

Dia 21 de setembro – domingo

  • 15h – Ser e Ter (Être et Avoir)de Nicolas Philibert, 2002, 104 min. 12 anos. Sessão seguida de bate-papo com a crítica, curadora e professora Lúcia Monteiro.

Serviço:
Mostra O Cinema de Nicolas Philibert
@ocinemadenicolasphilibert
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Unidade Passeio
Endereço: Rua do Passeio, 38 – Centro (Metrô e VLT: Cinelândia)
Telefone: (21) 3980-3815
Data: 9 a 21 de setembro de 2025 (terça-feira a domingo)
Horários: Consultar a programação
Ingressos: Entrada gratuita com distribuição de senhas 30 min antes do início das sessões e das atividades extras
Lotação: 62 lugares
Bilheteria: terça-feira a sábado, das 13h às 19h. Domingo e feriados, das 13h às 18h.
Classificação Indicativa: Consultar a programação
Acesso para pessoas com deficiências.
Realização: Casa do doc e Blg Entretenimento
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal

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