
Em 2023, a Cinemateca Brasileira organizou sua primeira edição da mostra itinerante A CINEMATECA É BRASILEIRA. A programação percorreu o país levando filmes que perpassam diferentes momentos históricos e propostas estéticas ao longo de mais de 120 anos de história. Uma seleção de 19 títulos foi exibida em 15 cidades de todas as regiões do país, inclusive em Brasília.
Diante do sucesso do projeto, a Cinemateca realiza a segunda edição de sua itinerância e vai a Jundiaí, passando pela Sala São Paulo – Minas de Cinema entre os dias 03 e 31 de julho, com sessões em todas as quintas-feiras do mês. Com o título A CINEMATECA É BRASILEIRA – RESISTÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS, a nova curadoria inclui longas e curtas-metragens que revelam múltiplas abordagens da vocação democrática do país e sua resistência a retrocessos autoritários, em especial o regime militar que teve início há 60 anos.
O projeto já exibiu, no ano passado, filmes em Campos dos Goytacazes (25 e 26 de setembro), Rio de Janeiro, dentro da programação do Festival do Rio (3 a 13 de outubro), Fortaleza (12 a 26 de outubro) e João Pessoa (13 a 22 de outubro). Em 2025, passou por Recife (23 a 29 de janeiro), Brasília (23 de janeiro a 12 de fevereiro), Porto Alegre (20 de março a 2 de abril), Belo Horizonte (27 de maio a 01 de junho) e Salvador (25 a 28 de junho). Também estão confirmadas exibições em Belém, Porto Velho e Manaus.
“O Instituto Cultural Vale está ao lado da Cinemateca por entender a importância da casa da produção audiovisual brasileira, uma das maiores instituições do gênero no mundo, que preserva, também, um retrato da nossa própria identidade. Por isso, atuamos, juntos, em iniciativas pela sustentabilidade e modernização do espaço e pela salvaguarda de seu acervo, em especial, a coleção de filmes em nitrato de celulose, de valor inestimável”, diz Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, que é patrocinador estratégico da Cinemateca Brasileira.
As ações de itinerância fazem parte do Projeto Viva Cinemateca, lançado em 2023, que reúne os grandes projetos da Cinemateca voltados à recuperação de importantes acervos, além da modernização de sua sede e infraestrutura técnica.
“Apoiamos o Viva Cinemateca, pois acreditamos que a instituição tem um papel fundamental na construção, conservação e difusão da nossa herança cultural, com ações que promovem o desenvolvimento humano e geram valores para toda nossa sociedade. Juntos, preservamos o cinema nacional e as obras audiovisuais em geral, tão importantes para a preservação de nossa identidade”, comenta Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Responsabilidade Social da Shell Brasil, patrocinadora estratégica do projeto Viva Cinemateca.
Os filmes selecionados para a Mostra RESISTÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS abordam direta e indiretamente os períodos de repressão tão recorrentes na história do país.
Diversos episódios do governo militar são tema da maioria dos títulos. Inspirado no sequestro do embaixador Charles Burke Elbrick, o nomeado para o Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro, O que é isso, companheiro? (1997), de Bruno Barreto. Já a atmosfera de tensão e a mentalidade dessa época são contextualizadas nas entrelinhas do sensível O ano em que meus país saíram de férias (2006), de Cao Hamburguer.
Outro tema recorrente das obras selecionadas é a luta do movimento operário por melhores condições de trabalho e pela redemocratização do país. Leon Hirszman ficcionalizou o movimento popular em Eles não usam black-tie (1981).
A mostra oferece também alegorias políticas que examinam a complexidade das estruturas de poder e a opressão. Na fictícia nação latino-americana de Eldorado, Glauber Rocha reflete as tensões políticas, sociais e culturais da época em seu clássico Terra em transe (1967).
Em homenagem aos 40 anos do filme, a curadoria inclui novamente Cabra marcado para morrer (1964-1984), do cineasta Eduardo Coutinho, cujas filmagens foram interrompidas em 1964 e retomadas dezessete anos depois para concluir a trajetória de seus personagens durante os longos anos do regime militar.
Sala São Paulo – Minas de Cinema
03 a 31 de julho | Todas as quintas-feiras do mês, às 19h
Espaço Expressa: Av. União dos Ferroviários, 1760 – Pte. de Campinas, Jundiaí.
Entrada gratuita
03 DE JULHO, QUINTA-FEIRA
19h – O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS
Brasil (SP), 2006, 90 min, cor, 10 anos
Direção: Cao Hamburger, Cláudio Galperin
Elenco: Michel Joelsas, Germano Haiut, Simone Spoladore
Sinopse: 1970. Mauro (Michel Joelsas) é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade, os pais de Mauro foram obrigados a fugir por serem de esquerda e serem perseguidos pela ditadura, tendo que deixá-lo com o avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz com que Mauro tenha que ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho judeu solitário que é seu vizinho. Enquanto aguarda um telefonema dos pais, Mauro precisa lidar com sua nova realidade, que tem momentos de tristeza pela situação em que vive e também de alegria, ao acompanhar o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo.
10 DE JULHO, QUINTA-FEIRA
19h – CABRA MARCADO PARA MORRER
cópia restaurada
Brasil (RJ), 1964 – 1984, Cor/P&B, 119 min, 12 anos
Direção: Eduardo Coutinho
Elenco: Eduardo Coutinho, Elizabete Altino Teixeira, João Virgílio Silva, José Daniel do Nascimento, João José do Nascimento, Cícero Anastácio da Silva, Braz Francisco da Silva, Severino Coutinho
Sinopse: As filmagens sobre a vida do líder da Liga Camponesa de Sapé (PB), João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, são interrompidas pelo golpe militar em 1964. Dezessete anos depois, o diretor Eduardo Coutinho retoma o projeto, e as personagens do filme interrompido se tornam protagonistas.
17 DE JULHO, QUINTA-FEIRA
19h – ELES NÃO USAM BLACK TIE
Brasil (RJ), 1981, 123 min, cor, 14 anos
Direção: Leon Hirszman
Elenco: Carlos Alberto Riccelli, Gianfrancesco Guarnieri, Bete Mendes, Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Francisco Milani.
Sinopse: Otávio é um militante sindical que organiza um movimento grevista para resistir às práticas exploradoras de uma metalúrgica, na qual seu filho Tião também trabalha. Mas, com a namorada grávida, o jovem resiste à greve para não perder o emprego.
24 DE JULHO, QUINTA-FEIRA
19h – O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?
Brasil (RJ), 1997, Cor, 105 min, 14 anos
Direção: Bruno Barreto
Elenco: Pedro Cardoso, Alan Arkin, Fernanda Torres, Cláudia Abreu, Luiz Fernando Guimarães, Selton Mello, Matheus Nachtergaele, Caio Junqueira, Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Othon Bastos, Alessandra Negrini, Lulu Santos, Harry Stone
Sinopse: O Brasil atinge o auge da ditadura militar após a decretação do AI-5, em dezembro de 1968, que provoca radical censura à imprensa, assim como a perda dos direitos civis do cidadão brasileiro. Inúmeros militantes de esquerda eram presos e torturados. Em meados de 1969, um grupo de jovens da classe média carioca opta pela clandestinidade e pela luta armada. Para romper o “muro do silêncio” da imprensa, esses jovens pertencentes ao movimento clandestino de esquerda MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) tramam o sequestro de um embaixador americano. Em troca da sua liberação, exigem a leitura de um manifesto em cadeia de televisão e a libertação de 15 companheiros presos.
31 DE JULHO, QUINTA-FEIRA
19h – TERRA EM TRANSE
Brasil (RJ), 1967, P&B, 107 min, 14 anos
Direção: Glauber Rocha
Elenco: Jardel Filho, Glauce Rocha, José Lewgoy, Paulo Autran, Paulo Gracindo
Sinopse: Eldorado, país fictício da América Latina, encontra-se entre o golpe de Estado e o populismo, entre a crise e a transformação. Paulo, poeta e jornalista tenta provocar mudanças políticas, influenciando homens poderosos.
PROJETO VIVA CINEMATECA
O Viva Cinemateca foi lançado em junho de 2023 voltado a ações de preservação de importantes acervos e coleções da Cinemateca Brasileira, como a coleção dos filmes em nitrato, agora recuperados, e o acervo do Canal 100 – o próximo grande projeto da instituição.
Ao longo de sua realização, o Viva Cinemateca incluiu ações educativas e de difusão como a mostra de cinema e a exposição A CINEMATECA É BRASILEIRA, que percorreram 15 cidades de todas as regiões do país, o FESTIVAL CULTURA E SUSTENTABILIDADE, as mostras POVOS ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA LATINA e MULHERES PIONEIRAS DO CINEMA, e os cursos de FORMAÇÃO TÉCNICA E CULTURAL, gratuitos, em formatos presencial e on-line com transmissão ao vivo pelo canal da instituição no Youtube.
PATROCINADORES
O Projeto Viva Cinemateca conta com o patrocínio estratégico do Instituto Cultural Vale e da Shell, e com o copatrocínio do Itaú Unibanco. Aprovado na Lei Rouanet, o projeto permite a empresas e pessoas físicas destinarem parte do imposto de renda para a iniciativa (Art. 18 da Lei Federal de Incentivo à Cultura).