
A 7ª arte produzida por mulheres negras do Centro-Oeste ganham destaque no 1º Festival Diaspóricas de Cinema e Música Negra. O evento reúne intelectualidades negras para celebrar mulheres que movem a cultura afrobrasileira da região, performando movimentos artísticos diversos, e será realizado nos dias 20 e 21 de setembro, no Centro Cultural Martim Cererê, em Goiânia, com entrada gratuita, mediante doação de 1kg de alimento não-perecível.
“É importante que artistas negras se celebrem e se reconheçam nos trabalhos umas das outras. O Festival vem para a gente olhar pras nossas potencialidades e é pensando como uma forma de incentivo a novas produções artísticas e intelectuais”, afirma Ana Clara Gomes, diretora e idealizadora do projeto.
Fundadora da ONG Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado e matriarca do ativismo político e articuladora na luta contra o racismo e contra o sexismo no estado de Goiás, Marta Cezaria é uma das homenageadas pelo Festival com a Mostra Marta Cezaria de Curta-Metragem. Pioneira do movimento negro feminista em Goiânia, ela é cineasta e se aventurou pelo cinema pela primeira vez, já com 60 anos, percorrendo quilombos goianos e entrevistando 152 mulheres para o documentário ‘Se Eu Fosse Uma Flor”, lançado em 2013.
Na mostra, serão exibidos 12 curtas-metragens de ficção, documentários e/ou experimentais finalizados entre 2021 e 2025, sendo que 07 desses filmes serão produções do Centro-Oeste. A seleção foi aberta para cineastas negras cis e trans de todo o Brasil. Após as sessões, as realizadoras goianas representantes de seus filmes participam de uma roda de conversa.
O Festival também promove ações formativas abertas e gratuitas.. Entre 16 e 19 de setembro, serão realizadas duas oficinas voltadas para o campo profissional do cinema e do audiovisual. A oficina “Trilha Sonora para Cinema” será ministrada pelo produtor musical Igor Zargov e a fotógrafa Mayara Varalho ministrará a oficina “Câmera Off – Formação Continuada de Making Of”. Ambos fazem parte da equipe da série ‘Diaspóricas’.
A Força do Afroempreendedorismo no Centro-Oeste
O Festival Diaspórica é uma extensão da série homônima, que destaca musicistas negras do Centro-Oeste se utilizando da música como uma forma de (re)existência frente ao racismo, ao sexismo e outras opressões estruturais. Criado majoritariamente por mulheres negras do audiovisual, a iniciativa celebra a cultura afrogoiana e incentiva o trabalho de mulheres negras na música e no cinema. Inicialmente uma websérie, o projeto Diaspóricas tem duas temporadas lançadas e dois longas-metragens, estes derivaram da obra seriada e têm circulado por festivais nacionais e internacionais de cinema, conquistando prêmios. Além das obras audiovisuais, foram criados shows a partir do encontro inédito, experimental e de composição entre as musicistas de cada temporada.
O evento traz, na programação, a Feira Anadir Cezario de Afroempreendedoras, onde empreendedoras negras cis e trans estarão comercializando produtos das áreas de moda, artesanato, alimentação e bem–viver, nos dois dias de evento, a partir das 14h. A feira é uma homenagem a Anadir Cezario, assistente social, cofundadora da ONG Dandara no Cerrado e liderança em espaços de combate às discriminações raciais e de gênero. Ela criou o Coletivo de Mulheres da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e está à frente do projeto ‘Mulheres que Transformam Lixo em Lucro’, em que garis e catadoras transformam materiais recicláveis em artesanato, gerando renda para suas famílias.
Palco Afrogoianidades
A Música Preta Brasileira também tem espaço no Festival Diaspóricas. Nos dois dias de evento, artistas negras, que participaram das duas primeiras temporadas da série, se apresentam no Palco Afrogoianidades. O primeiro dia do Festival será marcado pelas apresentações da cantora e violonista Érika Ribeiro, em duo com a percussionista Letícia Romano, da banda Mundhumano e do quarteto que surgiu em decorrência do encontro musical proposto na 1ª temporada da série “Diaspóricas”. O quarteto é formado por Érika, pela cantora Nina Soldera, pela contrabaixista Sonia Ray e pela percussionista Lene Black, e o projeto leva o nome de “Diaspóricas – o show”.
No segundo dia, acontecem os shows de Flávia Carolina e banda, do grupo Dona da Roda e a apresentação “Diaspóricas 2 – o show” trazida pelo encontro entre a clarinetista Kesyde Sheilla; a cavaquinista e percussionista Maximira Luciano; a cantora e zabumbeira Flávia Carolina; e a rapper e MC Inà Avessa. As quatro musicistas fizeram parte da 2ª temporada da série “Diaspóricas”.
O Festival também se reafirma como um meio de celebração a compositoras negras com o lançamento do álbum autoral “Diaspóricas”, agendado para o dia 27 de agosto nas principais plataformas digitais como Spotify, Itunes e Deezer. O álbum reúne o encontro musical de Érika Ribeiro, Nina Soldera, Sonia Ray e Lene Black que ecoam suas composições coletivas em um projeto inédito.
SERVIÇO:
O quê: Festival Diaspóricas de Cinema e Música Negra
Quando: 20 e 21 de setembro de 2025
Onde: Centro Cultural Martim Cererê, Goiânia – GO
Quanto: Entrada gratuita (mediante doação de 1 kg de alimento não perecível na portaria.)
Mais informações: Instagram @festivaldiasporicas e linktr.ee/festivaldiasporicas