
O som potente que ecoa das ruas, vielas e estradas do Brasil vai ocupar um dos espaços culturais mais emblemáticos do país: o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). Nos dias 17, 18 e 19 de julho de 2025, o Arranque!, edição mais enxuta do Festival Paredão Ocupa o Museu chega com uma programação gratuita que ocupa espaços internos e externos do CCBB com shows, mostra de filmes e ciclos de debates.
Ao longo de três dias, o evento apresenta 16 atrações musicais de diferentes regiões brasileiras em Paredões de Som Automotivo, que ocuparão o CCBB com formatos inusitados de caixas acústicas. A abertura, no dia 17, destaca Valesca Popozuda (RJ), ícone do funk, e RDD (BA), fundador do ÀTTØØXXÁ, ao lado de DJ Bieta Original (RJ) e Baile da DZ7 (SP). Pela primeira vez no Rio de Janeiro, artistas como Paulilo Paredão (BA), DJ Boneka (PE), DJ Jeffdepl (PI) e DJ Brunoso (MA) sobem ao palco ao lado de destaques como a artista queer maranhense Emme Paixão (MA), Carlos do Complexo (RJ), Jéssica Salty (RJ), Cabra Guaraná (DF) e a headliner DJ Méury (PA), uma das maiores representantes femininas do tecnomelody. A programação marca um encontro histórico entre linguagens sonoras periféricas e promove um intercâmbio inédito entre territórios. Os shows acontecem quinta-feira (17), sexta (18) e sábado (19) a partir das 21h.
A programação inclui ainda exibição de filmes – nove curtas e um longa-metragem – e mesas de debate . Entre os temas estão o direito à cidade, os sons como identidade e o mapeamento cultural através da música que evidenciam o papel dos paredões automotivos como expressão cultural de periferias e interiores do país.
Edição anterior
A primeira edição do Festival Paredão Ocupa o Museu, realizada em 2024 no CCBB Rio, atraiu cerca de 9 mil visitantes e se firmou como uma potente plataforma de intercâmbio entre expressões culturais periféricas e do interior do Brasil. A programação reuniu grandes estruturas sonoras e diferentes musicalidades — do tecnobrega paraense ao funk carioca — em uma experiência imersiva que combinou música, dança, projeções audiovisuais e comidas típicas. A edição atual é uma edição especial, com recorte reduzido e foco no som automotivo, não está sendo considerada uma nova edição do festival, mas sim uma ação pontual. A expectativa é de que uma nova edição completa aconteça em 2026.
Debates
A edição Arranque! abre a programação no dia 17 de julho com uma série de debates que abordam o som nas ruas como expressão cultural e política. Entre os temas, estão: “Do baile à praça: quem decide o que pode tocar na rua?” (17/07), “Decibéis de resistência: sons como expressão” (18/07) e “Territórios sonoros: o som que sai das quebradas do Norte e Nordeste” (19/07). Os encontros acontecem sempre das 16h30 às 18h30 e reúnem artistas, pesquisadores e ativistas em conversas que ampliam a escuta sobre o som como forma de ocupação, identidade e resistência. A relação completa dos participantes será divulgada em breve.
Programação Musical
A programação musical do festival reúne representantes de diferentes territórios e estilos ligados à cultura dos paredões, criando um verdadeiro panorama sonoro das periferias e interiores do Brasil. A abertura, no dia 17 de julho, terá Valesca Popozuda (RJ), ícone do funk e voz de hits como “Beijinho no Ombro”, e RDD (BA), referência na fusão de ritmos afro-brasileiros com pop e eletrônico. Completando a noite, DJ Bieta Original (RJ) e autenticidade e o Baile da DZ7 (SP) nascido em Paraisópolis.
Na sexta, 18 de julho, a pista esquenta com o som potente de DJ Jeffdepl (PI) e a força de Paulilo Paredão (BA), que leva o ritmo do pagodão baiano para o paredão, em diálogo com Carlos do Complexo (RJ),Cabra Guaraná (DF), o clássico Bonde das Maravilhas (RJ) e o envolvente Pocket Resenha Black Bom (RJ).
No sábado, 19 de julho, traz uma forte presença do Norte e Nordeste com DJ Méury (PA), DJ Boneka (PE), Brunoso (MA), DJ Dan Absoluto (PA), além da carioca DJ Jessica Salty. O destaque da noite é o pocket show de Emme Paixão (MA), uma artista queer maranhense que mistura batidas eletrônicas e poesia falada em uma performance potente e sensível. Juntas, as atrações constroem um mosaico rítmico e territorial da música periférica brasileira.
Mostra de Cinema
O festival também exibe curtas e um longa-metragem que exploram o som automotivo como manifestação cultural e política em diferentes regiões do Brasil. A mostra de cinema será aberta com o documentário Terror Mandelão, de Felipe Larozza e GG Albuquerque, que revela os bastidores da cena automotiva e a ascensão de nomes como DJ K, o Bruxo, em São Paulo. O curta Fluxo também se passa na capital paulista e retrata o baile funk como espaço de identidade e resistência para a juventude periférica, além do filme Beat é Protesto, que traz o funk através da ótica feminina.
Do Norte do país, o destaque é Raízes amplificadas: Technobrega em Belém, produção que traça uma breve história das tradicionais aparelhagens sonoras do Pará e sua importância na cultura tecnobrega. Já no Nordeste, o som dos paredões aparece sob múltiplos olhares: Maremoto, curta ficcional do Rio Grande do Norte, insere os paredões no contexto de uma trama de juventude; Eleição é Festa, de Aracaju, mostra o uso dos carros de som em campanhas políticas inusitadas protagonizadas por personagens como Batman e Robin; e O Homem que Era Luz, da Bahia, narra a história emocionante de um inventor de trio elétrico, revelando a potência sonora como forma de celebração e identidade regional.
O Sul também marca presença com Auto Som Pia, curta que apresenta um panorama do som automotivo no Paraná, abordando a cena local com olhar documental e sensível. Em conjunto, os filmes da mostra evidenciam como os sistemas sonoros — de paredões a trios — são ferramentas de expressão, resistência e pertencimento em diversos territórios brasileiros.
O projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
Mostra de Cinema – Cinema II
Longa-metragem: 17 de julho | quinta-feira |19h
Terror Mandelão, de Felipe Larozza e GG Albuquerque
O documentário acompanha a cena do funk paulista a partir da trajetória de DJ K, o Bruxo, explorando os bastidores da produção musical e a potência cultural dos bailes periféricos. Com estética vibrante e narrativa imersiva, o filme retrata o funk como linguagem de resistência e afirmação.
Classificação indicativa: 16 anos | Ano: 2024
Curtas-metragens:
Auto Som Pia
18 de julho | sexta-feira | 19h
Classificação indicativa: livre | Ano: 2015
A sociedade sempre se organizou em diferentes estruturas: clãs, feudos, tribos, crenças religiosas entre tantas outras. E por que não se organizar ao redor de caixas de som? O documentário Auto Som Piá pretende mostrar um pouco do universo das “equipes” que existem no Paraná e organizam as festas de Som Automotivo, além de se tornarem algo muito parecido a “clãs” pela forma como unem e mantêm relações entre seus membros.
Fluxo
Classificação indicativa: 12 anos | Ano: 2023
Acompanha Fábio, jovem negro da Cidade Tiradentes–SP, que enfrenta conflitos internos enquanto caminha para um baile funk com amigos. O curta investiga afetos, identidade e juventude no extremo leste da cidade, território central da cultura funk.
Baile da Princesinha Jéssica Salty
Classificação indicativa 14 anos l Ano: 2022
No “Baile da Disney”, realidade e fantasia se entrelaçam ao som do batidão, com vestidos de princesa, fogos de artifício e a presença vibrante do povo.
Eleição é Festa
Classificação indicativa: livre | Ano: 2013.
Eleições municipais de 2012. Batman e Robin tentam uma vaga na Câmara Municipal de Aracaju.
O Homem Que Era Luz
19 de julho | sábado | 19h
Classificação indicativa: livre | Ano: 2025
O documentário resgata a trajetória de Alfredo da Luz, inventor do primeiro trio elétrico de Irará (BA), e sua relevância para o carnaval e a cultura musical do interior baiano.
Maremoto
Classificação indicativa: livre | Ano: 2023
Após frustrar-se com a paixão pelo mergulho em alto-mar, Léo a filha mais nova de um pescador, decide mudar o curso da sua vida e abre uma oficina de motos. Porém, a volta do seu irmão Maço com o GPS do pai que se encontra doente, faz Léo considerar fazer um último mergulho para resgatar um tesouro esquecido.
Raízes amplificadas: Technobrega em Belém
Classificação indicativa: livre | Ano: 2024
Como parte da série SYSTEM do Boiler Room, fomos a Belém – a porta de entrada do Brasil para o Rio Amazonas – para apresentar uma expressão única da cultura sound system no coração da cidade, hospedada em enormes estruturas conhecidas como “aparelhagem”. Na série “Amplified Roots: Belém”, conversamos com os membros da comunidade que dão vida à sua cultura – dos DJs aos carpinteiros – que dedicam suas vidas a essa expressão cultural tipicamente nordestina.
24H COM O ARTISTA: ENME
Classificação indicativa: livre | Ano: 2019
Em 1 dia, acompanhamos a rotina e o trabalho de uma Drag Queen, entre shows e preparativos. Desmistificando rótulos, apresentamos a realidade de uma ARTISTA.
Beat é Protesto
Classificação indicativa: 16| Ano: 2019
Onde estão e quem são as minas que compõem o movimento do funk? O funk sempre foi uma forma de protesto e ser mulher também é! O documentário retrata a cena do funk de protesto em São Paulo pela ótica feminina. Com depoimentos de artistas trans, cis e drags — MCs, DJs, produtoras e dançarinas — o filme investiga o papel da mulher no funk underground da última década.
Serviço
“Arranque!, edição especial do Festival Paredão Ocupa o Museu
Entrada gratuita
Data: 17, 18 e 19 de julho de 2025 | quinta, sexta e sábado.
Horários:
Ciclo de debate – 16h30
Mostra de filmes – 19h
Apresentações musicais quinta-feira – 21h às 02h
Apresentações musicais sexta e sábado – 21h às 04h