Cena de ​’Espiral’: Luiz (Gutto Szuster) e Vilma (Renata de Lélis) e Sérgio (Marcos Verza) (Foto: Divulgação/ Bactéria Filmes)

O fim de um ciclo familiar expõe feridas, segredos e afetos enterrados sob o couro e o suor da indústria calçadista de Novo Hamburgo (RS). Um drama intenso sobre perdas, silêncios e a herança invisível que molda quem somos. Esta é a premissa de Espiral, longa-metragem de Leonardo Peixoto, que ganha sessão especial na próxima quarta-feira (8), no Cinemark Novo Hamburgo, às 20h. No dia seguinte, entra em cartaz em Porto Alegre na Cinemateca Paulo Amorim.

As praças e horários de exibição podem ser conferidos no Instagram @filmeespiral.

“Novo Hamburgo é a capital nacional do calçado. Tem quem diga que não é mais, tem quem diga que ainda é, mas o certo é que todos são atravessados por isso. Cada um, cada casa, quem já estava aqui e quem chega depois”, conta o jogral que abre Espiral. O filme começa em 1982, com um trio de empresários da cidade, ao telefone, fechando negócios com o exterior. Eles são Luiz (Gutto Szuster) e Vilma (Renata de Lélis), o casal Barros, e seu sócio, Sérgio Schmidt (Marcos Verza). De lá, vamos para 2022, em uma refeição em família, e logo depois para 2000 e 1994, alternando épocas de uma grande confraternização familiar.

“A ideia é falar desse conceito do tempo em formato de espiral, não linear. Em encontros de família, por mais banais que pareçam, sempre tem muitas camadas, sempre tem muita história envolvida”, explica o diretor Leonardo Peixoto. “E a partir disso, conseguimos falar da cidade de Novo Hamburgo, especificamente. Na época dos anos 1980, ela era chamada de a Manchester brasileira, em razão do tanto de dinheiro que circulava graças à indústria calçadista, e isso impactou muito a cidade”, elabora.

Peixoto nasceu em Pelotas (RS), e se mudou para Novo Hamburgo com onze anos. Crescendo, ouvia histórias de pais de amigos que faliram. A cidade foi se transformando após o boom da indústria de calçados, preparada desde os anos 1960. Com a chegada da China ao mercado na década de 1990, a situação da cidade mudou drasticamente. A trama de Espiral traz para a tela, as dores e alegrias de uma família cuja histórias de vida são sincrônicas com a ascensão e o declínio do setor calçadista no município.

“É um filme sobre uma família descobrindo seus próprios caminhos individuais e da família em si, e lidando com tudo que chega de fora também, a partir da sua casa e do seu reduto”, resume Peixoto. “Tendo, claro, Novo Hamburgo como pano de fundo, e não tem como falar da constituição da cidade sem falar da indústria calçadista. Então tudo acaba se misturando. Essa família é uma família que foi da indústria calçadista e ali construiu essa vida e seu sustento”, complementa.

A produção é assinada pela Convergência Produtora em coprodução com a Bactéria Filmes e a Sala Filmes, e conta ainda com a Melancia Filmes como produtora associada, e distribuição da Contágio, departamento de distribuição da Bactéria Filmes. Essa aliança entre quatro produtoras gaúchas se consolidou em meio a um cenário de crise para a cultura, atravessado pela pandemia, pelo esvaziamento das políticas de fomento e mais recentemente pela tragédia climática que paralisou o estado.

Para Daniela Israel, diretora da Bactéria Filmes, o longa é também um mergulho pessoal: “Espiral toca fundo porque dialoga com a minha própria história. Venho de uma família que começou a vida no chão de fábrica do couro e do sapato, e trazer isso para a tela é revisitar memórias afetivas que carregam tanto dor quanto orgulho”.

Longa com Curta
Junto com Espiral, passa o curta De Volta ao Jogo. Realizado também em Novo Hamburgo, o curta  de 15 minutos  aposta no humor para falar de intimidade e amor em tempos de crise. A trama acompanha Paulo e Marta, torcedores do clube local, que enfrentam um problema conjugal. Em busca de um estimulante, ele descobre que nem todo “impedimento” é definitivo – e que o amor pode surpreender até nos acréscimos. O curta é uma direção de Leo Peixoto e Freddy Paz.

Mais do que registrar um drama familiar, Espiral e De Volta ao Jogo projetam impacto cultural e econômico em Novo Hamburgo, cidade que busca diversificar sua matriz produtiva. Do set de filmagens às escolas da periferia que receberam kits de cinema, as produções carregam a marca de uma região que insiste em se reinventar e que, agora, transforma sua memória industrial e afetiva em narrativa coletiva.

Espiral é uma realização viabilizada pelo Edital 04/2020 da Leo Aldir Blanc, Prefeitura de Novo Hamburgo, edital Produção – Arranjos Regionais, em parceria entre a Prefeitura de Novo Hamburgo e ANCINE, FSA e Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022), através do Ministério da Cultura e da Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.

O projeto conta ainda com  patrocínio do Novo Hamburgo Polo Audiovisual e financiamento da ANCINE, BRDE, Pró-Cultura RS, IECINE RS e SEDAC/RS, através do Ministério da Cultura e da Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.

Estreia do longa-metragem Espiral, de Leonardo Peixoto (e do curta De Volta ao Jogo)

Pré-estreias:

  • Novo Hamburgo (RS): dia 1º de outubro, quarta-feira, às 20h, no Cinemark Novo Hamburgo (Bourbon Shopping NH: Av. Nações Unidas, 2001 – Loja 21 – Rio Branco).

  • Estreia a partir do dia 2 de outubro, na Cinemateca Paulo Amorim (R. dos Andradas, 736 – Centro Histórico)

Ficha técnica

  • Produzido por: Convergência Produtora
  • Coprodutoras: Bacteria Filmes e Sala Filmes
  • Produção Associada: Melancia Filmes
  • Gênero: Drama
  • Tempo: 90 min
  • Cidade de Realização do Filme: Novo Hamburgo (RS)
  • Classificação Indicativa: Livre
  • Roteiro e Direção: Leonardo Peixoto
  • Produção Executiva: Daniela Israel
  • Direção de Arte: Pauliana Becker
  • Direção de Fotografia: Alexandre Berra
  • Direção de Produção: Freddy Paz
  • Coordenação de Produção: Tamara Mancuso
  • Produção de Elenco: Kaya Rodrigues
  • Figurino: Eme Mealho e Carol Scortegagna
  • Caracterização: Michi Nunes
  • Som Direto: Marcelo Armani e Diego Bertini
  • Microfonistas: Diego Bertini e Nina Mayers
  • Montagem: Filipe Barros
  • Finalização: Forno Fx
  • Trilha Sonora: Alércio Pereira (APJ)
  • Edição de Som: Chico Pereira
  • Elenco: Alexandre Borin, Álvaro RosaCosta, Ander, Áurea Batista, Aurélio Decker, Camila Caminhante, Carina Dias, Cássio Nascimento, Dani Dutra, Diogo Felizardo, Eduardo Prestes, Francisco Peixoto, Gutto Szuster, Helena Moreira, Jader Vieira, Jean Carlos, Jordana Eltz, Júlia Ludwig, Kaya Rodrigues, Luisa Roese, Luiza Aires, Luiz Carlos Grassi, Manu Morelli, Manuela Warken, Marcos Verza, Miriane Carine, Murilo Sparrenberger, Pedro Bertoldi, Pedro Krieger, Pedro Tahl Souza, Renata de Lélis, Ruza Amon, Silvia Duarte, Sofya Kafer e Tukinga Blunt
  • Sinopse: O fim de um ciclo familiar expõe feridas, segredos e afetos enterrados sob o couro e o suor da indústria calçadista de Novo Hamburgo. Um drama intenso sobre perdas, silêncios e a herança invisível que molda quem somos.

“De Volta ao Jogo”

  • Sinopse: Paulo e Marta, torcedores do Novo Hamburgo, enfrentam uma crise conjugal: o “jogador” de Paulo parou de “entrar em campo”. Em busca de um estimulante, ele descobre que nem todo “impedimento” é um problema — e que o amor pode surpreender até nos acréscimos.
  • Direção e Roteiro: Leo Peixoto e Freedy Paz
  • Produtoras: Convergência Produtora, Bactéria Filmes e Sala Filmes

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