Matheus Solano no Rio Inovation Week 2025 (Foto: Gabriela Naccari)

O impacto da Inteligência Artificial generativa sobre os direitos autorais e a ética no trabalho artístico foram temas de uma mesa do Brasil Para o Mundo (BPOM) no Rio Innovation Week, realizado no Píer Mauá, na Zona Portuária do Rio, ontem, quinta-feira. Participaram do encontro a vereadora e Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, Tatiana Roque, o ator e ativista Mateus Solano, o ex-ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão e o advogado Victor Drummond, presidente da Interartis Brasil, entidade que representa mais de 3 mil artistas.

O debate tratou de como a IA ocupa espaços de criação antes exclusivos do trabalho humano, utilizando obras e imagens como insumo para treinar sistemas automatizados, sem garantias de remuneração ou reconhecimento aos criadores. “Estamos diante de uma tecnologia que reproduz linguagem e transforma o trabalho cognitivo em dado, algo difícil de medir e que exige novos direitos”, afirmou Tatiana Roque.

Convidado a trazer a perspectiva dos artistas sobre as novas tecnologias, Mateus Solano destacou a mudança nas formas de remuneração e uso de obras no ambiente digital. “Até pouco tempo atrás, um ator era remunerado pela veiculação de sua obra. Hoje, com o streaming e a reprodução indefinida de conteúdo, a lógica mudou — e com a IA, o risco de exploração sem limites é ainda maior”, disse.

Sérgio Sá Leitão observou que essas transformações fazem parte de um movimento global que desafia conceitos como o próprio Estado nacional e demanda novas regulações. “Sem entender a complexidade desse cenário, não conseguiremos enfrentar os desafios que ele impõe”, afirmou.

Para o presidente da Interartis Brasil e fundador do BPOM, Victor Drummond, os artistas têm hoje o desafio de manter o foco da discussão nos direitos e na nova configuração trazida pela IA. “Há uma questão econômica central, e vejo grandes empresas tentando deslocar a discussão para outros temas, como liberdade de expressão. É evidente que o problema vai muito além disso. É preciso proteger o artista e garantir que a tecnologia não seja usada para enfraquecer seus direitos”, declarou. “A IA deve ser uma tecnologia a serviço do artista, não uma ameaça ao processo criativo e aos direitos de quem cria, produz e vive da arte”, alertou.

O painel integrou a programação do BPOM no Rio Innovation Week, evento que reúne especialistas, empreendedores, autoridades e representantes da cultura para discutir inovação, tecnologia e negócios. O BPOM, movimento da sociedade civil idealizado por Victor Drummond, busca reposicionar a imagem do Brasil no exterior, valorizando a cultura e a criatividade como instrumentos de “soft power” e influência global.

Sobre a Interartis Brasil
A Interartis Brasil é uma associação sem fins lucrativos que representa artistas audiovisuais no país, atuando na gestão e defesa de direitos conexos. Parte da rede internacional Interartis, a entidade trabalha para assegurar a remuneração justa e o reconhecimento do trabalho de intérpretes e executantes, defendendo seus interesses junto a autoridades, instituições e empresas.

Sobre o Brasil Para o Mundo (BPOM)
O Brasil Para o Mundo é o primeiro movimento nacional organizado de “soft power”, criado para reposicionar a imagem do Brasil no exterior por meio da valorização da cultura, da inovação e dos valores nacionais. Idealizado por Victor Drummond, o BPOM promove debates, missões internacionais, articulação com o setor produtivo e iniciativas de formação, buscando fortalecer a influência positiva do país no cenário global.

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